A mansão do desafeto.

Na mansão do desafeto

Todo dia é confusão

Nunca aparece afeto

Sempre há desunião

Todo mundo é objeto

Lá ninguém é cidadão.

Não existe uma palavra

De amor pro companheiro

A mulher acorda brava

Exigindo mais dinheiro

A situação se agrava

Todo dia, o dia inteiro.

A mulher não reconhece

O esforço do marido

O marido sempre esquece

Do passeio prometido

Se alguém desaparece

É porque está fugido.

Na soleira do portão

Há um gancho preparado

Para segurar ladrão

Que entrou sem ser chamado

Vai ter sua ocasião

De ser muito castigado.

A lição do desafeto

É coroa de espinho

Feita para dar pro neto

Que fica em casa sozinho

Manda o neto ficar quieto

Mas jamais dá um carinho.

A coroa de espinho

Feita só com desprazeres

E entregue pro vizinho

Que cumpriu seus afazeres

Mas recebe um bilhetinho

Pra cumprir os seus deveres.

A mansão do desafeto

É repleta de desejos

Está cheia de insetos

Pulga, rato e percevejos

Sempre cheia de dejetos

Não há caixa de despejo.

A mansão é a mansarda

Onde vive a ingratidão

Onde a solidão aguarda

Um minuto de atenção

Mas a agressão não tarda

Ela vem de avião.

No riacho que existia

Onde banho se tomava

Onde havia cantoria

Quando a roupa se lavava

Hoje não há alegria

Nem mesmo roupa se lava.

O silêncio é o dever

De quem passa na estrada

Ninguém pode perceber

Ninguém pode falar nada

Todos devem obedecer

E ninguém pode ouvir nada.

O silêncio é sepulcral

As janelas não se abrem

Ninguém acha isso normal

Mas as causas todos sabem

Apesar de anormal

Ninguém permite que falem.

Não é lar nem moradia

Não é casa e nem mansão

Um palco da covardia

Um altar da ambição

Leito da desarmonia

Mesa da corrupção.

No passado foi palácio

Hoje é leito de dor

Nesse leito há um fracasso

Feito com o desamor

Por não estender o braço

Pra abraçar o Criador.

No palácio havia um templo

Onde Deus era aclamado

La havia bom exemplo

Que também era imitado

Mas com o passar do tempo

Tudo foi ignorado.

Certo dia um cidadão

Que passava na estada

Ousou estender a mão

Para a mansão fechada

Sem pensar em gratidão

Seguiu sua caminhada.

Logo alguém o interrogou

Pra saber sua intenção

Ele disse que deixou

Por meio da oração

Um pouco do que ganhou

Ao passar pela mansão.

A mansão se iluminou

Houve paz naquele dia

Um raio de luz brilhou

Logo veio a alegria

Quando o dia findou

Viram o que acontecia.

O amor então voltou

Naquela mansão morar

O casal se abraçou

Entendeu o que é amar

E assim o sol voltou

A brilhar naquele lar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 01/07/2014
Código do texto: T4865211
Classificação de conteúdo: seguro