* O Sono e o Sonho *
A noite tem dois filhos:
O Sono e o Sonho.
Quando o tempo está frio,
Os agasalha suponho.
Debaixo do manto de veludo
Que sempre enfeita tudo
Venha ver lhe proponho.
Como todos os irmãos,
Têm brigas e aborrecimentos.
E por quê? Por tantas razões!
Mas pelo principal ensinamento:
O Sono gosta de dormir
Então o Sonho vem surgir
Bem no exato momento.
E mete-lhe fantasias na cabeça.
Mas, quando isso acontece,
Gosta que a tratem por Noite,
E atrás do nome, aparece,
Faz festa na cabeça de cada um,
Dá razão aos dois ou nenhum
E do nada desaparece.
De quem os irmãos não gostam
É de seu primo Pesadelo,
Porque é feio, irritante,
E arrepia seus cabelos,
E deixa-os com muito medo
Trêmulos e acordam cedo
E não se olham no espelho.
Um dia eles decidiram
Uma peça no primo pregar.
Fingiram que estavam a dormir
E deixaram-no se aproximar.
Quando começou a contar
Uma história de arrepiar
Dos lençóis vieram saltar.
E pregaram um tremendo susto
Ao primo mal-encarado,
Que passou meses sem aparecer.
Pois não estava a costumado
Com uma peça daquelas
Tinha sempre histórias belas
E sempre tinha contado.
Nesse dia, a Noite cobriu-se,
Com muitas estrelas brilhantes
E dormiu até de manhã
Com os dois filhos importantes,
Enroscados e felizes a seu lado.
E nunca os teria largado
Se não fossem tão alucinantes.