A rua do destino.

Numa rua sem saída

Adentrei sem perceber

Nela havia uma subida

Para na volta eu descer

Quase nunca percebida

Essa rua era o viver.

Era a rua do destino

Que escolhi pra percorrer

Mesmo sendo pequenino

Comecei a aprender

Que o tempo e o ensino

Ajudam o homem crescer.

Não há voz condescendente

Nessa rua que é só nossa

Alguém passa por parente

Mas faz sempre vista grossa

Quando está à nossa frente

Fala em nos fazendo troça.

Na escala do Poder

Eu estou sempre por baixo

Cumpro sempre o meu dever

Porém vivo cabisbaixo

Não me é dado querer

Do menor estou abaixo.

Sou o peso do presente

Que o destino escravizou

Nada tenho e sou descrente

O que eu tinha alguém levou

Nada mais que de repente

O meu sonho terminou.

Vi passar a minha vida

Numa tela de cinema

Pensei que fosse comprida

Porem era bem pequena

Soube que fora sofrida

Pra também poder ser plena.

Vi um monte bem distante

Decidi ir escalar

Encontrei no horizonte

Alguém pra me auxiliar

A atravessar a ponte

Que eu devia ultrapassar.

Prossegui no caminhar

Para atravessar a ponte

A cada nova passada

Ela estava mais distante

Sentindo a vida pesada

Busquei a força restante.

Perguntei ao viajante

Onde a ponte ia levar

Ele disse em um instante

Eu não sei, tente sondar,

O que eu tenho é o bastante

Pro meu próprio caminhar.

Caminhou à minha frente

Com o seu passo apressado

Eu pensei ser maldizente

Por ter sido mal amado

Ele disse em tom contente

Eu não sou abandonado.

Disse isso e caminhando

Estendeu-me a sua mão

Vi que estava me chamando

Para ir em direção

Ao monte que, escalando,

Mudaria a direção.

Caminhei com esse amigo

Aprendi ouvir o vento

Vi que o tempo é nosso amigo

Por isso caminha lento

Mas segui-lo eu não consigo

Ele faz tudo que eu tento.

Indo em busca de prazer

Encontrei um passarinho

Que me disse que o viver

É parte de um caminho

E que se houver sofrer

Ninguém vai sofrer sozinho.

Perguntei se o sofrer

Pertence à humanidade

Ele disse que o viver

É parte da longa estrada

Que existe sem eu ver

Mas precisa ser trilhada.

Eu parei para pensar

E fiquei atoleimado

Tinha muito a compensar

Porque tudo me foi dado

Tive paz e tive um lar

Tudo mais fora emprestado.

Percebi nesse momento

Que a vida me esperava

Ativei meu pensamento

Vi o tempo que faltava

Fiz então um juramento

Doar o que me sobrava

Eu doei a minha paz,

A luz que não faz revolta,

Doei tudo que me apraz,

Tive muito mais de volta

Hoje a minha fé me traz

O meu grande amor de volta.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 29/06/2014
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