PERNAMBUQUÊS
Pedra – PE, 09 de março de 2013.
Sou de Pernambuco, sim Senhor
Terra de Cabral Neto, Lampião,
De Zé Dantas, de Lula, Gonzagão,
E de outros cabras de grande valor.
Uma terra onde se vive com amor
E se fala de um jeito diferente,
Um tal de oxe, de rosca, de oxente,
De vôte, de bora, de avalie só.
Onde diz que chuva forte é toró,
E pessoa boa é chamada boa gente;
Alma de gato é pra quem é traquino,
Mexer com algo é bulir, é catucar.
Chamego é sinônimo de namorar,
Medroso é o mesmo que mufino.
Pirangueiro é o mesmo que sovino,
Ruivo aqui é galego sarará
Qualquer refrigerante é guaraná,
Desvirginar é tirar o cabaço.
Situação difícil é torar um aço,
Aglomerado de pessoas é fuá.
Gente com presa estar é avexada,
Botão de som é chamado de pitôco,
Pedaço pequeno de objeto é cotôco,
Mulher grávida é buchuda e amojada.
Omelete é chamada de malassada,
Prostituta, por aqui também é quenga,
Briga, discussão aqui é arenga
Grupo de pessoas é o magote de lote.
Cascudo tem nome de cocorote,
Pessoa triste, abatida é capenga.
Dar a volta é o mesmo de arrodear,
Aipim é o mesmo que macaxeira.
Idiotice é chamada de leseira
Aumentar o som é mesmo que altear.
Ir embora, subir é arribar.
Estar com raiva é estar arretado
E estar com pressa é estar avexado.
Sabichão é o cão chupando manga.
A calcinha da mulher aqui é tanga,
Pessoa bem vestida, estar alinhado
Gota serena é quando se estar animado,
Graxa é o molho que se bota na comida;
Alma sebosa é pessoa de má vida;
Borocoxô é algo bem desgastado.
Estar confuso é estar azuretado.
Se abrir é gargalhar em demasia,
De hoje a oito é o mesmo que oito dias.
Objeto vagabundo aqui é peba.
Feridas no corpo é chamado de pereba,
Brabeza é sinônimo de valentia.
Caixa- prego lugar muito distante,
Bregueço é objeto sem valor,
Roer é sofrer de paixão, de amor,
Qualquer arma de fogo é berrante.
Boca-quente é a pessoa importante,
Estripulia é chamada de presepada,
Rabiçaca é mesmo que derrapada
E atitude desprezível é fuleragem.
Orgulho vão e gabolice é pabolagem
Parede sem reboco estar estambocada.
Quem deve e não paga é caloteiro,
Cu-de-boi é mesmo que confusão.
Iapoi é sinônimo de e então,
Frentista de posto aqui é bombeiro.
Quem briga é chamado de arengueiro
E quem é chato é mesmo o cabuloso
Chegay é um gosto meio duvidoso
Coroca, no interior, é lagartixa.
Estar com tudo é tá com bixiga lixa,
Cabra frouxo é sinônimo de medroso.
Parede e meia se refere a vizinho,
Vaso d’água é chamado de moringa;
Mau cheiro é sinônimo de cantiga,
O mesmo que papai é o painho.
Quando se chama alguém diz bichinho!
Quando se desperdiça algo é estruir;
Mangar é a mesma coisa que sorrir
E carecer é o mesmo que precisar.
Tirar água do joelho é urinar,
Amarrar o jegue é mesmo que sair.
Miolo de pote é dizer bobagem,
Pessoa alta é chamada galalau,
Passarinho noturno é bacurau
Jogar puía é palavrão e sacanagem.
Estrada, no interior, é rodagem,
Pegar carona é o mesmo que bigu,
Camundongo é catita, gabiru.
Faltar aula é o mesmo que gazear
Perder a paciência é pegar ar,
Mulher feia é dragão e tribufu.
Cabelo enrolado se diz pixaim;
Entre namorados é acender vela,
Garganta é chamada de goela
E frescura é sinônimo de patim.
Corrente com pingente é tracilim,
Munganga se refere à palhaçada,
Barulho alto é o mesmo de zuada.
Puxa-saco é chamado de xeleléu,
E mendigo é o mesmo que esmoléu,
Qualquer batida se diz qu’é barroada.
Buruçú também é confusão,
Aqui na terra dos altos coqueirais,
Dos arrecifes, dos mares, dos corais,
Do maracatu, do frevo e do Baião,
Seja no Agreste, na Mata ou no Sertão
Fazer feira é ir ao supermercado,
Estar nervoso é estar aperreado
E viver liso é estar sem dinheiro,
Coisa leve é sinônimo de maneiro
E ter sorte é chamado de cagado.
Esse é, meu senhor, o meu Estado
Tão rico de primores naturais
Das praias, paisagens, manguezais,
De um povo hospedeiro arretado2
Que fala um sotaque engraçado
Com algum atributo diferente
Um tal de oxe, de rosca, de oxente
E de muitas outras variedades
Dito, conjugado por todas as idades
Nesse solo Gentil e envolvente.