CORDEL - O baile da Holanda – 14.06.2014
 
Oitavas de sete sílabas poéticas
ABABCDCD
Elisão optativa
 
 
 
Lá na África do sul
Em uma grande final
Pra Espanha deu azul
Ela fez seu carnaval
Foi a grande campeã
A Holanda bem sofreu
Por conta dessa vilã
Lutou, lutou, mas não deu.
 
E perdeu de um a zero
Com golaço de Iniesta
Bom é lembrar e eu quero
O Espanhol fez a festa
Isso na prorrogação
Após noventa minutos
Foi grande sua emoção
Seus atletas muito argutos
 
Mas essa triste derrota
Entristeceu por demais
Mas eles tomaram nota
Repetir: Nunca, jamais,
Ficou um nó na garganta
E a vontade de vingança
Que usaram como manta
Quem é forte sempre alcança
 
O Brasil foi escolhido
Pra sediar esta Copa
Num sorteio bem renhido
E reuniu sua tropa
Pra fazer a brincadeira
Sem nenhuma condição
Inclusive financeira
Pois em ano de eleição
E no sorteio das chaves
O Brasil teve até sorte
Pois escapou de conclaves
E até do grupo da morte
Pegou de frente a Croácia
Um time pouco rodado
Camarões é só falácia
O México é bem cuidado
 
Mas a nossa velha Espanha
Pegou um grupo mais duro
Não adianta ter manha
O sorteio foi no escuro
Deu de cara com a Holanda
Osso duro de roer
Vamos ver quem é que manda
E bota pra derreter
 
E pra muita gente então
Jogando em Salvador
Não teria jeito não
O holandês sofredor
Perderia com certeza
Pois de lá foram expulsos
Quando invadiu o Brasil
Por nossa gente e não russos
 
Faz mais de trezentos anos
Seiscentos e vinte e quatro (2014 – 1624 = 390)
Não criaram desenganos
E adiaram o teatro
Holandês não é caduco
Voltaram com toda carga
Agora pra Pernambuco
De lembrança bem amarga
 
Foi em seiscentos e trinta (1630)
Que eles chegaram aqui
Uma frota bem distinta
Fidalgos que nunca vi
E por vinte e quatro anos (até 1654)
Tentaram como heróis
Em combates bem insanos
Eles perderam pra nós
 
Porém voltando ao assunto
Da copa que comecei
A Holanda fez presunto
Daqui de casa eu vibrei
Dessa vez entrou de azul
Terno bonito, arretado,
Naquela Arena baiana
Os espanhóis no quadrado
 
Tomou o primeiro gol
Num pênalti inventado
Que um brasileiro cavou
O juiz pobre coitado
Foi na onda sim senhor
Trabalho prejudicado
Que desgraça, que horror,
Pra final está queimado
 
Depois desse acontecido
Ao fim do primeiro tempo
O gigante adormecido
Começou a tomar tento
E numa bola enfiada
Duma enorme distância
De cabeça, bem bolada,
Acabou-se a arrogância
 
O Van Persie empatou
Um tento belo e oportuno
Que o mundo inteiro vibrou
Lembrou-me Gerson, gatuno,
Que pelo Brasil jogou
A canhotinha de ouro
Que todo mundo empolgou
Era um mestre, um tesouro.
Daí pra frente foi massa
Um cara com mais de trinta
Que se brincar ele passa
Sujeito bom, boa pinta,
Assim já quase careca
É muito bom numa finta
Homem levado da breca
Quadro bonito ele pinta
 
Logo chegou o segundo
Pois o Blind novamente (jogador de 24 anos)
Agora em passe mais curto
Achou Robben de repente
Que com sua habilidade
Liso como uma serpente
Com muita felicidade
Botou a Holanda na frente
 
E depois veio o terceiro
A Espanha esbagaçada
Parecia um formigueiro
Perdia toda jogada
Defesa tal tabuleiro
De pirulito gostoso
Coitado do bom goleiro
Que era muito pomposo
 
O quarto veio a seguir
Aí virou goleada
O brasileiro a sorrir
Com a Espanha engasgada
Que com juro então pagou
Sua vitória apertada
Na sacola armazenou
Essa tristonha virada
 
E pro quinto foi legal
Eu quase não acredito
O treinador sem igual
Ficou rouco com seu grito
Com equipe renovada
Na quase totalidade
Em cada nova escapada
Perigo, fatalidade.
 
Quando penso em seleção
Com treinador esquisito
Pois o nosso Felipão
Apesar dos requisitos
Quando bota gente nova
Diz que falta experiência
Mas o país não aprova
Perde toda paciência
 
Quando lembro que Pelé
Com dezesseis foi lembrado
Um menino da ralé
Com cobras foi misturado
Que exigiram do Feola (Treinador de 1958)
Que ele fosse escalado
Pois jogava muita bola
Um sujeito abençoado
 
Foi bem ali na Suécia
Que o menino descambou
Com a sua peripécia
Um gol de craque marcou
Nunca mais saiu do time
O destino confirmou
Um jogador tão sublime
O Rei dos Reis, sem favor.
 
Mas retornando senhores
Porquanto esses cinco a um
Merece quaisquer louvores
Falo até prucurundum
Vai permanecer na história
Pois que lembre em cinquenta
Das copas de muita glória
A Espanha desatenta
Levou de seis do Brasil
Foi lá no Maracanã
Teve gente que não viu
Nossa equipe guardiã
Que perdeu do Uruguai
De triste recordação
De virada ainda mais
E foi vice-campeã
 
O futebol minha gente
É só caixa de surpresa
Da sorte é dependente
Ninguém pode ter certeza
Antes do apito final
Não há nenhuma clareza
É bem melhor e ideal,
Pensar também na franqueza
 
Quem morre antes é peru
Um ditado popular
Vão todos tomar no sul
Quem quiser vá se lascar
O oba-oba está grande
Já não se pode aguentar
Quando o pequeno se expande
O grande trunfo é Neymar.
 
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Ansilgus
 
 
Crédito da foto: INTERNET/GOOGLE – Caso tenha direito autoral me avisem, pois eu a retirarei.

18/06/14 - Miguel Jacó (muito grato pela interação)

Holanda matou Espanha,
Neste jogo de dragão,
Foi tudo feito na manha,
Mas nos causou comoção,
Tinha cara de revanche,
Mas sanada a situação,
Oponentes se digladiam,
Nas próximas atuações.

 29/06/14 - Jacó Filho compareceu e eu agradeço:

Entre holandês e judeu,
Tenho o sangue dividido.
Quando Brasil nos acolheu,
Ganhou o amor merecido...
Então prefiro a vitória,
Em detrimento do europeu...
Pois dentro de mim nasceu,
O sonho de viver a glória...

 Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos
ilumine... Sempre...