“MEU LAR”
Na minha casa, doutor
Na minha humilde casinha
Tem água fresca na quartinha
No terreiro um quarador
Um cachorro caçador
Encostado na parede
Tem um balançar de rede
Pra eu e o meu amor.
Eu tenho na minha casa
Um tamborete, uma mala
Tudo é quarto, tudo é sala
Um despertador que atrasa
Uma cacimbinha bem rasa
Que de vez enquanto chora
Eu tenho a minha senhora
Que de candura extravasa.
Doutor, a minha casa é singela
Tem uma cerca de vara
E uma cama de taquara
Onde eu me deito nela
Uma porta sem tramela
Por onde passa a lua
Mas eu não troco na sua
E nem por milhão vendo ela.
Ela é erigida de amor
Rebocada de felicidade
Pintada de caridade
E nela mora o favor
Dentro dela tem calor
Humano e aconchego
Só sossego quando chego
Na minha casa, doutor.
É muito melhor uma tapera
De taipa, mas, sem contenda
Que uma grande uma fazenda
Onde a discórdia impera
Na minha casa a primavera
É o ano inteiro florida
Minha casa é favorecida
Nos quatro cantos por Hera.