“MEU LAR”

Na minha casa, doutor

Na minha humilde casinha

Tem água fresca na quartinha

No terreiro um quarador

Um cachorro caçador

Encostado na parede

Tem um balançar de rede

Pra eu e o meu amor.

Eu tenho na minha casa

Um tamborete, uma mala

Tudo é quarto, tudo é sala

Um despertador que atrasa

Uma cacimbinha bem rasa

Que de vez enquanto chora

Eu tenho a minha senhora

Que de candura extravasa.

Doutor, a minha casa é singela

Tem uma cerca de vara

E uma cama de taquara

Onde eu me deito nela

Uma porta sem tramela

Por onde passa a lua

Mas eu não troco na sua

E nem por milhão vendo ela.

Ela é erigida de amor

Rebocada de felicidade

Pintada de caridade

E nela mora o favor

Dentro dela tem calor

Humano e aconchego

Só sossego quando chego

Na minha casa, doutor.

É muito melhor uma tapera

De taipa, mas, sem contenda

Que uma grande uma fazenda

Onde a discórdia impera

Na minha casa a primavera

É o ano inteiro florida

Minha casa é favorecida

Nos quatro cantos por Hera.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 10/06/2014
Reeditado em 05/08/2015
Código do texto: T4839575
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