Uma carta de amor

Uma carta foi escrita

Pela jovem apaixonada

Porem nunca recebida

Pela pessoa amada

Também nunca respondida

Porque era ignorada.

Nessa carta estava escrito

Com palavras rabiscadas

Você não ouviu meu grito

Eu estava apavorada

Com o coração aflito

Mas jamais fiz coisa errada.

Você foi impaciente

Não ouviu o que eu disse

Comentou com toda gente

Sobre o que eu nunca disse

Chamou-me inconsequente

E pediu que eu sumisse.

Hoje estou lhe escrevendo

Porque não posso falar

Com o coração doendo

Incapaz de reclamar

Descobri que estou morrendo

Eu assim vou descansar.

Seguem dois botões de rosas

São as provas que guardei

Das horas maravilhosas

Que contigo aproveitei

E das ervas mais cheirosas

Que no meu jardim plantei.

Esperei que algum dia

Eu pudesse lhe falar

Que toda a minha alegria

Era por somente amar

Eu não fui a companhia

Que você quis conquistar.

Esperei esse momento

Mas o meu tempo é perverso

Ela anda igual ao vento

Segue só pelo universo

De si mesmo é alimento

E no mundo está disperso.

Não precisa responder

Não mereço o privilégio

De alguém que ensinei ler

Desde o tempo do colégio

Vou tentar emudecer

Mesmo sendo um sacrilégio.

Eis a minha despedida

De alguém que muito amei

Hoje dei minha partida

Certa que não voltarei

Cheguei ao final da vida

E assim descansarei.

Essa carta foi entregue

Ao real destinatário

Que depois de ler consegue

Ficar com sorriso hilário

E pra sua casa segue

Correndo como um otário.

Pegou toda a sua roupa

Sem pensar se era amassada

Pôs num saco de estopa

Do jeito que era guardada

Tomou um prato de sopa

E partiu em disparada.

Foi em busca da mulher

Que estava pra morrer

Pra lhe dar o que tiver

Pra também sobreviver

Ela é tudo que ele quer

Dela não vai esquecer.

Caminhando em disparada

Repetia a todo instante

Ela é a minha amada

Minha estrela fulgurante

No final da caminhada

Vou revê-la sempre adiante.

Vou rever a minha amada

Com a aura na cabeça

Ela é abençoada

E não quero que entristeça

Por mim será procurada

Antes que algo aconteça.

Ao chegar ao seu destino

O rapaz ajoelhou

Disse que desde menino

Só aquela moça amou

Dela recebeu ensino

E pra ela ele voltou.

Nunca recebera carta

Por isso não respondeu

Sempre se lembrou da data

Do dia que a conheceu

Ela com roupa enfeitada

Era linda e o escolheu.

A moça quando isso ouviu

Disse que acreditava

Perguntou por que partiu?

E por que nunca voltava?

Ele disse que saiu

Porque muito lhe amava.

Foram juntos à capela

La ouviram alguém falar

Com um laço na lapela

Eis aqui um lindo par

Segurei no braço dela

E oramos no altar.

A pedi em casamento

Ela só deu um sorriso

Não sei se era o momento

Mas ouvi um breve aviso

Ela deu consentimento

E formamos um paraíso.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 08/06/2014
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