A medida do amor.
Indo atrás de um mistério
Pra sentir uma emoção
Fui até um monastério
Pra fazer uma oração
Caminhando sem critério
Enfrentei desolação.
Vi um fogão na cozinha
Vi um velho la sentado
Rezando uma ladainha
Com um falar carregado
Entendi que a vizinha
O havia tapeado.
Ele disse que não tinha
Nem café para me dar
Pois o dinheiro que vinha
Sequer dava pra pagar
Mas que a ele não convinha
Coisa alguma perguntar.
Eu lhe ofereci um pão
Ele muito agradeceu
Disse que com a solidão
Ele sempre conviveu
Era agora um ancião
Que de si mesmo esqueceu.
Estendeu a mão pra mim
Perguntou se tinha mais
Vendo que estava no fim
Achou que comeu demais
Ele disse mesmo assim
Já provaste ser capaz.
Eu não entendi direito
o que ele me dizia
Seu falar era imperfeito
E doente se sentia
Disse a ele do seu jeito
Que o doutor o curaria.
Estendi-lhe a minha mão
Ele então a segurou
Foi pegar o seu bastão
Sua mão iluminou
Percebi naquela ação
Que ele me abençoou.
Ao seguir para o doutor
Ele disse: oh meu irmão
Sempre ofereci amor
Mas ganhei ingratidão
Sou do lar garantidor
Sem direito a ter um pão.
Você me deu de comer
Eu agora me despeço
Você precisa viver
Vá em busca do progresso
Se um dia aparecer
No meu lar terá ingresso.
Deu seu pão a um faminto
Sua água a um sedento
Deu amor e isto eu sinto
Desde o primeiro momento
E por isto eu não consinto
Que me negue um juramento.
Jure que nunca me viu
Que de mim se esqueceu
Jure que não me ouviu
Que jamais me conheceu
Jure que quando partiu
Nada bom aconteceu.
Diga que sou um estranho
Sem dinheiro e sem família
Diga que não tomo banho
Lata é a minha vasilha
E apesar do meu tamanho
A minha vontade oscila.
Diga que sou caminhante
mas que tenho um sentimento
De rever por um instante
Meu lugar de nascimento
La está meu ser pensante
Perdido no esquecimento.
Eu lhe disse vou fazer
Tudo isso que me pede
Mas também deve entender
Que um pouco me concede
Juntos nos vamos viver
Pois amor nunca se mede.