"PORTUUÊS"
O HOMEM
SOU CAVADOR E POETA FUNCIONÁRIO E SAPATEIRO TRABALHO
OS CAMPOS FAÇO AS CIDADES SOU OPERÁRIO E SOU PORTEIRO
SOU MINEIRO E PESCADOR SOU POVO SOU PÓ VIVO SOU PRISIONEIRO
E FUGITIVO
SOU SERVO NA MINHA HISTÓRIA EM ESTÓRIAS DE MEU PERDER
DEI GLÓRIAS DE REI AOS REIS DA HISTÓRIA DEI GLÓRIAS DE SENHOR
AO REI DOS REIS
EM MEU NOME
FIZERAM GUERRAS COM VINHO E SANGUE MEUS
FUI FERIDO EM MUITAS TERRAS
MORRI VEZES SEM CONTAR
MORRI MIL VEZES DE CADA VEZ MATEI AMIGOS DE OUTRAS CORES
TUDO FIZ MANDADO E CEGO EM NOME NÃO SEI DE QUÊ
NOS MARES FUI MARINHEIRO E DAS TERRAS QUE DESCOBRI REGRESSEI CANSADO E
VELHO
MAIS POBRE DO QUE PARTI
NA GUERRA FUI COMBATENTE VENDI A MORTE A MEUS IRMÃOS
TENHO LÁGRIMAS NO MEU PEITO
TENHO SANGUE NAS MINHAS MÃOS
…(mas nos palácios os reis
nos discursos nas festanças fomentavam a guerra
apoiavam as matanças)
COMECEI A FICAR FARTO DESTA SORTE NESTA EIRA
PROCUREI O PÃO ENCONTREI A MORTE
AO PASSAR-ME NA FRONTEIRA
SE CHEGAVA SÓ NINGUÉM ME SABIA
NEM DO SOL QUE EU DEIXARA
E DENTRO DA NOITE EMIGRANTE
OUTRA VIDA ME ABALAVA
…
ABRIL CHEGOU E PARIU UM HOMEM NOVO FELIZ
CLONADO DO MESMO HOMEM
O HOMEM PORTUGUÊS.