"PORTUUÊS"

O HOMEM

SOU CAVADOR E POETA FUNCIONÁRIO E SAPATEIRO TRABALHO

OS CAMPOS FAÇO AS CIDADES SOU OPERÁRIO E SOU PORTEIRO

SOU MINEIRO E PESCADOR SOU POVO SOU PÓ VIVO SOU PRISIONEIRO

E FUGITIVO

SOU SERVO NA MINHA HISTÓRIA EM ESTÓRIAS DE MEU PERDER

DEI GLÓRIAS DE REI AOS REIS DA HISTÓRIA DEI GLÓRIAS DE SENHOR

AO REI DOS REIS

EM MEU NOME

FIZERAM GUERRAS COM VINHO E SANGUE MEUS

FUI FERIDO EM MUITAS TERRAS

MORRI VEZES SEM CONTAR

MORRI MIL VEZES DE CADA VEZ MATEI AMIGOS DE OUTRAS CORES

TUDO FIZ MANDADO E CEGO EM NOME NÃO SEI DE QUÊ

NOS MARES FUI MARINHEIRO E DAS TERRAS QUE DESCOBRI REGRESSEI CANSADO E

VELHO

MAIS POBRE DO QUE PARTI

NA GUERRA FUI COMBATENTE VENDI A MORTE A MEUS IRMÃOS

TENHO LÁGRIMAS NO MEU PEITO

TENHO SANGUE NAS MINHAS MÃOS

…(mas nos palácios os reis

nos discursos nas festanças fomentavam a guerra

apoiavam as matanças)

COMECEI A FICAR FARTO DESTA SORTE NESTA EIRA

PROCUREI O PÃO ENCONTREI A MORTE

AO PASSAR-ME NA FRONTEIRA

SE CHEGAVA SÓ NINGUÉM ME SABIA

NEM DO SOL QUE EU DEIXARA

E DENTRO DA NOITE EMIGRANTE

OUTRA VIDA ME ABALAVA

ABRIL CHEGOU E PARIU UM HOMEM NOVO FELIZ

CLONADO DO MESMO HOMEM

O HOMEM PORTUGUÊS.

kirapintor
Enviado por kirapintor em 10/05/2007
Código do texto: T482130