chá de lombrigueiro
quando chego da cidade
minha voz não me escuta
minha cabeça biruta
confunde dó com piedade
diz que a eletricidade
nunca foi páreo pra lua
e que a mulher que anda nua
acha que dois é inteiro
todo homem é prisioneiro
da mulher que se insinua
barraco de pau a pique
o chão da casa é terreiro
nega que bole o traseiro
faz pra que eu a critique
na porta do alambique
é que termina a rua
saudade que não encrua
é a do amor verdadeiro
todo homem é prisioneiro
da mulher que se insinua
toda quimera se esfuma
diz a canção popular
quem sempre quer acertar
não tenta sorte alguma
moça que muito se arruma
sua beleza acentua
dança que a noite é sua
e o violão do violeiro
todo homem é prisioneiro
da mulher que se insinua
dizem que gato escaldado
tem medo de água fria
o mesmo eu me diria
quando me deixas de lado
pego um trem atrasado
pareço batata crua
o cara chora e sua
quando não tem paradeiro
todo homem é prisioneiro
da mulher que se insinua
minha avó foi a Paris
atrás do Villegaignon
bebeu, comeu champignon
mas se sentiu infeliz
não morreu foi por um triz
virou um arco de pua
chegou o Chico Arzua
deu-lhe um chá de lombrigueiro
todo homem é prisioneiro
da mulher que se insinua