Não respeito poeta que é menino,que é atrevido,que é fraco e que é pixote.

Júnior Adelino x Lenildo Ferreira x Márcio Santana(O desafio)

NÃO RESPEITO POETA SEM TALENTO

QUE SE ATREVE A CANTAR SEM CONDIÇÃO

EU ME ACHO O MAIOR DA PROFISSÃO

VOU BATER EM VOCÊS NESSE MOMENTO

QUE O POETA NÃO CRIA DEZ POR CENTO

DO QUE EU DESENVOLVO NESTE MOTE

COMO POSSO PERDER PARA UM FRANGOTE

UM DOENTE COM CARA DE MUFINO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

Você pode ser grande, camarada

Tá dizendo e eu não quero duvidar

Mas, para seu próprio bem, vou avisar:

Você perto de mim é como nada

Se não quer apanhar de lamborada

Vá baixando o tom desse seu mote

Do contrário comigo perde o norte

Porque quando é preciso eu sou ferino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

LENILDO FERREIRA

EU PENSEI QUE O COLEGA ERA EDUCADO

MÁS PERCEBO QUE O MESMO É SEM CONCEITO

EU EXIJO QUE A MIM TENHA RESPEITO

E ME PEÇA PERDÃO AJOELHADO

A BAGAGEM QUE EU TENHO CARREGADO

É PESADA DEMAIS PRA O TEU CANGOTE

EU NÃO VOU DISCUTIR COM UM MOLECOTE

QUE SÓ CANTA GRITANDO IGUAL SUÍNO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

Pra comigo falar, abaixe a crista

Fale manso e me chame de senhor

Pois no campo do verso sou doutor

E da rima verdadeiro cientista

Muito embora meu jeito pacifista

É melhor que não brinques com a sorte

Se não vai levar tanto cocorote

Que semanas passará chorando fino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

LENILDO FERREIRA

SE DA RIMA TU ÉS UM CIENTISTA

A PESQUISA QUE FEZ FOI FRACASSADA

QUANTO AO CAMPO DE VERSOS CAMARADA

SE VOCÊ FOR DOUTOR,EU SOU ARTISTA

E SE O PEDIDO É PRA EU BAIXAR A CRISTA

EU JÁ VOU ME MONTAR NESTE CAPOTE

JÁ ARMEI O ESPORÃO PRA DÁ O BOTE

VOU DEIXAR VOCÊ TONTO E SEM DESTINO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

Essa noite eu vi duas criancinhas

Que brincavam de escrever poesia

E brigavam para ver quem mais sabia

Desenhar no papel suas letrinhas.

Já cansadas da briga, as miudinhas

Descartaram as estrofes num malote

Fui no lixo e vi escrito no pacote:

"Grandes versos: Lenildo e Adelino"

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

MÁRCIO SANTANA

O SEU MÁRCIO SANTANA ESTÁ SUMIDO

ACHO QUE SE ASSUSTOU COM O REBOLIÇO

OU SERÁ QUE TOMOU CHÁ DE SUMIÇO

E POR ISSO NÃO TEM APARECIDO

ACHO QUE ELE MUDOU FOI DE PARTIDO

E USA AGORA UMA BLUSA COM DECOTE

SE REBOLA NA RUA E DÁ PINOTE

TIRA A ROUPA E COMEÇA FALAR FINO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

De um moleque esforçado fui tutor

Só que ele não quer respeitar ninguém

Nesse mote em que eu pago mais de cem

Pagou uma sonhando que é doutor

Que aluno é maior que o professor?

Como pode um garoto que é mascote

Já achar que no verso é Lancelote

Salomão, Gengis Khan e Constantino?

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixotote.

MÁRCIO SANTANA

SEU LENILDO APANHOU QUE ESTÁ SEM GRAÇA

FAÇO O MESMO COM TI MÁRCIO SANTANA

E DAQUI PRA O FINAL DESTA SEMANA

EU PROMETO ACABAR COM SUA RAÇA

NÃO SOU PÉ DE BALCÃO PRA OUVIR CACHAÇA

DE QUEM SÓ TEM É MIOLO DE POTE

VÁ LÁ FORA CUSPIR,DEPOIS ARROTE

QUE VOCÊ ESTÁ COM BAFO DE FELINO!

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

Essa sua promessa de vitória

É conversa de quem foi beber cana

Não aceito fiado ou pra semana

Pode levar de volta a promissória

Que tu era poeta eu ouço história

Fui pagar para ver, tomei calote

Pra que eu não te castigue e te derrote

Seja humilde e me peça que eu te ensino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

MÁRCIO SANTANA

Derna donte que me vejo ocupado

Trabalhando, pra honrar meus compromissos

Nesse tempo, esses dois irritadiços

Se ocupam só com esse arrazoado

E não sai sequer um verso bem rimado

Nada vale que ao menos nos conforte

Digo, pois: quem puder que bem anote

Chegou quem para os dois vai dar ensino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote

LENILDO FERREIRA

UMA COISA É PRECISO QUE ESCLAREÇA

QUE DOS TRÊS O MELHOR SOU EU É CLARO

CANTAR BEM VOCÊ CANTA,MÁS É RARO

MÁS SÓ PEÇO QUE NÃO SE ABORREÇA

NÃO DUVIDE QUE EU CORTO SUA CABEÇA

QUE CANTANDO EU SOU LÂMINA DE SERROTE

UM BOI GRANDE NÃO PERDE PRA UM GARROTE

DE UM MURRO QUE EU DER,TU PERDE O TINO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRACO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

O que vejo é só muito atrevimento

De meninos pretendendo ser os tais

Não respeitam os ilustres maiorais

Baixaria rege o mau comportamento

Mas, comigo, terão justo pagamento

Pôr moral nessa gente que é baixote

É pra mim um ofício, um esporte

O meu cinto lustra couro de cretino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

LENILDO FERREIRA

SOU POETA ERUDITA E POPULAR

E OS POEMAS QUE FIZ DÃO VÁRIAS FOLHAS

MÁS ERREI QUANDO FIZ MINHAS ESCOLHAS

EM CHAMAR ESSES DOIS PARA CANTAR

ESCREVENDO EU SOU UM ZÉ DE ALENCAR

E NA MÚSICA EU SOU MAIS QUE PAVAROTTI

E NA OBRA DO GRANDE DOM QUIXOTE

A MIGUEL DE CERVANTES DEI ENSINO

NÃO RESPEITO POETA QUE É MENINO

QUE É ATREVIDO,QUE É FRCO E QUE É PIXOTE.

JR. ADELINO

O meu verso tem sabor do doce mel

A beleza de uma tarde do Sertão

Minha rima nasce lá no coração

Que a derrama em palavras no papel

Qual artista que faz telas com pincel

Desenhar versejando é o meu forte

O talento me foi dado como dote

Sou um bardo, verso puro, cristalino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

Lenildo Ferreira

Quando eu tava aprendendo poesia

Esses dois inda nem eram nascidos

Hoje são garotinhos bem crescidos

Escrevendo piada e zombaria

Nesses versos não sinto garantia

São calouros buscando um holofote

Não pensava que iam usar o mote

Desse modo vadio e libertino

Não respeito poeta que é menino

Que é atrevido, que é fraco e que é pixote.

MÁRCIO SANTANA

SUPERAR O TALENTO DESSES DOIS

EU NÃO VEJO OUTRO AQUI QUE FAÇA JUS

EU SUEI QUE SÓ TAMPA DE CUSCUZ

E O ESTRAGO EU SENTI LOGO DEPOIS

NA ESTRADA DA RIMA A DUPLA POIS

O TALENTO QUE HERDARAM COMO DOTE

E EU SERVI COMO ISCA DE CAÇOTE

NA PELEJA DO ESTILO NORDESTINO

TODOS DOIS JÁ SÃO HOMENS E NÃO MENINO

E EU NÃO POSSO CHAMÁ-LOS DE PIXOTE.

JR. ADELINO

Na batalha do verso, bem renhida

Enfrentei dois poetas afiados

Disputando com coragem, animados

Pelejamos com postura destemida

Terminada por agora a dita lida

Eu encerro invertendo o nosso mote

Aplaudindo essa dupla boa e forte

Grande Marcio e brilhante Adelino

Eu não vejo aqui nenhum menino

E não posso chamá-los de pixote.

LENILDO FERREIRA

Contação de vantagem encerrada

Aqui findam, amigos,os desafetos

Disputei com poetas tão completos

Que comi foi poeira pela estrada,

Apanhei, mas também larguei pancada,

E é bom que se diga e que se note

Que ninguém apelou ou foi fracote

Desistiu, se acanhou ou bateu pino

Meu respeito ao senhor Júnior Adelino

E a Lenildo que nunca foi pixote.

MÁRCIO SANTANA

JÚNIOR ADELINO, Lenildo Ferreira e Márcio Santana
Enviado por JÚNIOR ADELINO em 24/04/2014
Reeditado em 24/04/2014
Código do texto: T4781506
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