NÃO CONFIO EM QUEM NÃO BEBE

Nego até a última dose

Estar bêbado eu não confesso

Se não der mais é que eu cesso

Eu quero é fugir do tédio

Cachaça não é remédio

Eu nunca pensei assim

Ficar bêbado eu quero sim

E isto não é falácia

Eu nunca entro em farmácia

Eu sou fã de um botequim

Se estou na mesa de um bar

Eu rasgo as leis da razão

E abro meu coração

Digo o que penso, o que sinto

Uma taça de vinho tinto

Ou uma boa cachaça

Afaga, beija, abraça

Minha alma incompreendida

Se não existisse bebida

Não teria a menor graça

A danada da cachaça

Exprime o inexprimível

Explica o incompreensível

Dá lógica ao anormal

Tudo fica atemporal

Ninguém do tempo se apercebe

Inova-se e se concebe

Em tudo se é perito

Por isso que eu repito

Não confio em quem não bebe.