Pra nós! Nada
Eles só procuram se tiver valor
Se a coisa perdida valer a pena
Se o peixe é grande, jogam o anzol
Descartam sardinha quando é pequena
É caso de rico, entram em ação
Problemas de pobre saem de cena
Será que houve mesmo o descobrimento
Ou se foi um golpe do senhor Cabral?
Será realmente que veio perdido
Ou já se sabia do bom capital
Enraizado aqui por toda esta terra
Que engordaria os cofres de Portugal
Nos tempos escuros da Ditadura
Chovia um monte de coisa esquisita
Quem fosse contrário a esse regime
Findava seus dias como terrorista
Jorraram um rio dos olhos da mãe
Cessaram o som do nobre artista
Quando é liberado um grande recurso
Que seja investido nesta nação
A gente imagina o final da fome
Mas só quem devora é a corrupção
Sobram feridas para a saúde
Não cai nem migalhas pra educação
A lei no Brasil não visa o futuro
Constituição não é respeitada
Se fosse seria bem diferente
Não ia ter gente morando em calçada
Justiça seria mais justa pra todos
E não somente pra classe elevada
Igualdade é só da boca pra fora
Assim que entende o meu raciocínio
O lobo devora os bens do país
Vive tranqüilo no seu condomínio
Enquanto o pobre na lida diária
Morando ao lado do próprio extermínio
Braço que é justo não fica cruzado
Encara a luta e a voz não se cala
Porém vai mexer num grande vespeiro
Terá sua boca fechada a bala
Assim o pilantra tramita em paz
Enchendo as contas, a meia e a mala
Será que o Brasil é pobre ou rico?
Um dia a gente decifra a charada
Tomara que o povo aprenda a votar
Deixar de eleger a chapa errada
Eu quero sair pro mundo afora
E falar muito bem da pátria amada
Seria tão bom se a gente tivesse
Alguém capaz de quebrar empecilhos
O nosso país seria mais correto
Solo mais fértil para os nossos filhos
O progresso seria bem mais veloz
Sem ter perigo de sair dos trilhos
Mas creio que um dia mude isso tudo
Que bons ventos nos tragam um renovo
As autoridades serão mais sérias
Governaram o país de um jeito novo
Deixaram de pensar no próprio umbigo
Terão mais carinho com gente do povo