O fado e o xaxado brincando de roda

Nos tempo das caravela,

Das grande navegação,

A paisage era mais bela,

Num tinha devastação...

Veio, lá, de Portugal,

Um gajo remando a nau,

Sem encostá no timão.

Vinha três embarcação

Prás américa latrina:

A Santa, por tradição,

Era Maria, a divina,

Já que era imponente,

Acomodava mais gente,

Do a Pita e a Nina.

Aportaram em Therezina,

Capitá do Phiauy.

Se o mundo tem valgina

Niguém duvida é alí:

Terra quente, aconchegante,

Dá direito ao visitante

Fazê amô e xixi.

Da tribo dos Gauarani

Receberam as boa-vinda:

Manga, pitomba e pequi,

Refresco de tamarina;

Chibé de faria puba

Rapé de fumo suruba

Prá povilhá nas narina...

E a famosa cajuína

Na cola de sapateiro,

Rica em toda vitamina,

Foi no sabô ou no cheiro,

E pra fechá o menu:

Costelinha de urubu

Na brasa do candinheiro.

Seu cabral foi o primeiro

A gozá das honraria

Do tempero brasileiro,

Que os oceano escondia.

Comeu tanta guloseima,

Que ainda hoje queima

O “ó” de disenteria.

Na nau de Santa Maria,

Toda a tripulação,

Achava graça, si ria,

Daquela situação:

O coitado do Cabral

Escrevendo à Portugal

Com merda em letra de mão.

Pero Vaz, o escrivão,

De boa caligrafia,

Passava à limpo os borrão,

Que seu Cabral escrevia,

Omitindo do relato,

É bem verdade, de fato,

O quanto a merda fedia.

Até que um certo dia,

No vinte dois de abril,

Cabral fincou a rodilha

Num caroço de abil,

Dando fim na caganeira.

Cas tripa fez a bandeira

Num tronco de pau-brasil.

Um cacique mui gentil

Deu a ele de presente,

Mais dois caroço de abil,

No caso de algo urgente.

Com o sorriso lusitano,

Passô o resto do ano

Sem precisá das semente.

Ia vivendo contente,

Fazendo as expedição,

Quando meio de repente,

Prá mais de mil tubarão,

Cada um o mais valente,

Cas boca cheia de dente,

Atacô a embarcação.

Com as cueca na mão,

Os valente marinheiro,

Marcharam para o porão,

Em busca de um banheiro.

Como manda a hierarquia,

A patente e a valentia,

Tinha que cagá primeiro,

O capitão timoneiro,

O grande navegadô,

Que no solo brasileiro

Primeiramente pisô:

Pedro Álvares Cabral,

Por ordem de portugal

Foi quem primeiro cagô.

Cuma fazia calô,

Deixô a porta entreaberta,

Prá amostrá seu valô,

Sua corage secreta;

Sem soltá um só gemido,

Tudo que havia comido,

Inté o bolo da festa,

Virô, no suó da testa,

Troféu por tanta corage.

Ninguém no mundo contesta,

E hoje, em sua homenage,

Construíram uma pousada,

Que cobra numa cagada

Mas do que na hospedage.

Prá num perdê a viage,

O turista brasileiro,

Que tá ali de passage

No rumo do estrangeiro,

Tem parada obrigatória,

Pro mode ouví a estória

Limpando o cu com dinheiro.

E, assim, o ano inteiro,

Gente do sul e o norte

De janeiro a janeiro...

Navio de grande porte,

Vem pulá o carnaval

Onde atracô seu cabral,

Gajo cagado de sorte.

PS: Este cordel é um carinho jocoso a nós, os

Luso-brasileiros.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 04/09/2005
Código do texto: T47517
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