"Liberdade, liberdade"
Us zomê da capa preta
Decidiru essa questão
Dirceu, Genoino e Delúbio
E mais dois vão prá prisão
Em regime semiaberto
Por causa do Mensalão
Us zomê tudo estudado
Du Supremo Tribunal
Mostraru com todo afinco
Tudo eu vi lá nos jornal
Não é crime de quadrilha
Se num houve na matilha
Essa vida de casal
É a tal sociação
Estável e duradoura
Que existe só para o fim
De roubar toda a lavoura
Das pessoa que trabalha
Dia a dia na batalha
Por um prato de cenoura
Então se rouba à vontade
Político tudo pode
Eles vivem em Casagrande
Nóis de senzala e pagode
Eles comem caviar
E nóis buchada de bode
A nóis povo brasileiro
Falta muita educação
E sêis pensa que o governo
Se preocupa quá questão
Quanto mais ignorância
Mais dinheiro em abundância
E nóis pobre que é ladrão
Na história só muda os nome
Camponês hoje é operário
O senhor virou burguês
Pobre vive de salário
A nobreza realeza
Contando sua vil riqueza
Tirada do nosso erário
Liberdade abriu as asas
Que ouçamos a sua voz
Se sangue cair em terra
Como foi em tempo atroz
Empunhemos nossa espada
Formemos nova brigada
Pra expulsar o que é feroz
Saibamos reler a história
Recontada nesse hino
Que meu avô aprendera
Nos tempos que era menino
Andando pelos sertões
Deste solo nordestino
“Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!”
MosesAdam, 2003
FVasconcelos, 2014
“Hino da Proclamação da República”