NA GRAMÁTICA PORTUGUESA, QUEM SABE TUDO SOU EU
Gramática é morfologia
É verbo, é interjeição
Conjunção, preposição
E lexicologia
Ela que nasceu um dia
No Continente Europeu
Língua que Camões viveu
E nos legou essa riqueza
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
Eu sou um substantivo,
Tenho sede de aprender
Eu sou o verbo viver
E sou o verbo infinitivo
Sou pronome possessivo,
Dele, dela, teu e meu
Vosso, vossa, nosso e seu
E o resto agora é moleza
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
Tenho toda consciência
Do que vem ser redundância,
Um erro de concordância,
Sinalefa e desinência,
Pleonasmo e reticência
E quem cacófato cometeu
Com certeza empobreceu
A linguagem da nobreza
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
O “por que” é separado
Quando é pergunta ou proposta,
Mas sendo como resposta,
Este “porque” é ligado
E o “porquê” acentuado
Diz a causa que se deu
Quem essa regra já leu
Sabe com toda certeza
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
Advérbio, que bem sei,
Aqui, acolá, além,
Pra cá, aqui e aquém,
É fácil de entender
E a hipérbole quer dizer
“chorou que o mar encheu”
E a catacrese me deu
“Flor da terra” e “pé de mesa”
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
Sei fugir de um barbarismo,
Pra língua ficar exímia
Sei colocar metonímia,
Sei falar com eufemismo,
Sei fugir de um solecismo,
“Fazem dez anos que eu”
E quem disser “fazem” perdeu
Quem disser “faz” tem certeza
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
A gramática tem conceito
Que somente a regra altera
Tu quiseras, eu quisera
É verbo mais-que-perfeito
O predicado, o sujeito
O predicado bebeu
E o sujeito correu
Pra não pagar a despesa
Na gramática portuguesa
Quem sabe tudo sou eu.
OLIVEIRA DE PANELAS
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