CORDEL – Mote – Não queira brigar comigo – Pois preciso de carinho – 15.03.2014
 
          
          Antes de tudo, gostaria de dizer da minha satisfação em poder contar com a querida poetisa Esther Ribeiro Gomes nessa parceria, feita assim de última hora, porquanto a sua capacidade de compor é extraordinária, apesar de não ter tanto tempo para se dedicar ao Recanto das Letras. Sua educação e sua gentileza são tão grandes que ela aceitou, de imediato, o meu convite para participar desses modestos versos. Meu abraço pra ela e pra todos que passarem nesta página e na dela, claro.
 
CORDEL – Mote - Não queira brigar comigo – Pois preciso de carinho – 15.03.2014
 

Oitavas de sete sílabas poéticas
Em parceria com Esther Ribeiro Gomes
Interações à vontade, dentro das regras.
 
 
Esther compareceu assim, meus parabéns.
 
 
CORDEL – SAUDADES DA INFÂNCIA
 
MOTE:
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Saudades da minha infância
brincadeiras no quintal
que não me saem da lembrança,
eu achava que era ‘a tal’!
Às vezes ia de castigo,
chorava, fazia beicinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO.
 
Chuva mansa, refrescante,
cheiro de terra molhada,
quero sonhar como antes,
ah, doce infância encantada!
Minha mãe era doce abrigo,
me afagava de mansinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Ah que saudades da infância,
da minha mãezinha querida,
a vida era alegre dança,
seu colo era minha guarida!
Era rodeada de amigos,
todos tão engraçadinhos,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
  
 Eu me lembro da mangueira,
cheia de mangas gostosas,
subia em seus galhos, faceira,
mangas com sal, saborosas!
O jardim era florido,
girassóis amarelinhos,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Ah, que perfumadas rosas,
amarelas e vermelhas,
elas eram tão formosas,
com orvalho eram centelhas!
E os frutos tão coloridos,
eram todos bem docinhos,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Tempo de felicidade,
na saudade a reviver,
eram tantas amizades,
brincadeiras, bem-querer...
As lembranças são abrigo,
brindadas com um bom vinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO 
 
Folguedos que não esqueço
e me trazem nostalgia,
eu me virava do avesso ,
de tantas estripulias...
Lembro dos campos de trigo,
cabelos em desalinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
E em cada amanhecer
brilhava o sol, radiante,
cuidava do meu dever,
pra brincar logo adiante
 hoje na vida prossigo,
vou seguindo meu caminho...
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
O pôr do sol na campina,
tão romântico, embalava,
os meus sonhos de menina
e eu sonhava acordada!
Não tenho mais ombro amigo
pra juntos sorver um vinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
No campo o luar de prata,
inspirava os violeiros,
mas eu cantava, era chata,
desafinava o tempo inteiro!
Luar lindo, sempre digo,
não visto em outros caminhos!
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO
 
 
Ansilgus, assim compôs:
 
Eu fui criança valente
Não enjeitava parada
O meu sangue muito quente
Batia na meninada
Sempre andava no castigo
Meu pai mudou meu caminho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
A turma me respeitava
Aceitava o meu desejo
Por vezes desmoronava
E era aquele sacolejo
Mas nunca levei perigo
Assim falava o vizinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Mas na escola eu era bom
Sempre na frente da turma
Namorei uma marrom
Sempre pedia: não durma
Quero me casar contigo
Não posso viver sozinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Mas a minha professora
Tão bela como ninguém
Disse meu filho não corra
Quero uns abraços também
Esquecê-la não consigo
Vou até tomar um vinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Muitas vezes me deixava
De castigo pra valer
Mas então se aproveitava
Para me ensinar a ler
Se você quiser, prossigo,
Sem fazer qualquer beicinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Eita mulher carinhosa
Gostava do “beabá”
Mas que danada formosa!
Ensinou-me a namorar...
Namoro que assaz bendigo
Adorava meu beijinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
A classe desconfiou
Ficou de sobreaviso
O Juquinha então falou
Amigo tenha juízo
Mas precisando de abrigo
Eu falei: Dou um jeitinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Quando vi já era tarde
O babado então cresceu
Mas não fiz qualquer alarde
O filho não era meu
Pensei entrar num jazigo
Esconder-me mineirinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
A danada era casada
Com o diretor da escola
Pensei não daria em nada
Isso que entrou na cachola
Bem ali no meu umbigo
Só me sobraria espinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
Conheci o tal sujeito
E não houve qualquer rixa
Notei logo no trejeito
Que o diretor era “bicha”
Não ficou meu inimigo
Nem um pouco, um pouquinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
 
 
Ansilgus
 
 15/03/14 09:57 - Jacó Filho, impecável meu caro, grato:

Tento a paz e não consigo,
Com a sogra nos influindo...
Por seu amor, sou mendigo,
E já me encontro perdido...
Mas hoje eu trouxe o vinho,
E o presente dum vestido...
Não queria brigar comigo,
Pois preciso de carinho...

 
Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...
 
 
15/03/14 07:00 - Waldy Würdig – esplêndida interação...muito grato:

Talvez não gostem de mim,

os amigos cordelistas,
por ser meu cordel ruim,
tá na cara, dá nas vistas;
fazer versos não consigo,
melhor sair de mansinho.

NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO.
 

 15/03/14 22:47 - Aila Brito interagiu assim: Grato.

Saudades também eu tenho
De minha infância querida
Quanto mais penso detenho

Fase boa de minha vida
Por vezes ia até de castigo
Se implicava com o vizinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO

 
Eu me lembro muito bem
Da brincadeira a mais linda
Que o meu coração contém
Em chamas tão viva ainda
Banho em rios que perigo
Escapava de mansinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POIS PRECISO DE CARINHO
.

 
 16/03/14 18:12 - Esther Lessa

Querido poeta! Parabéns! Sempre com boas novidades. Vou-me
arriscar.

 
Minha vida sempre foi
Escaramuça... trabalho
No sítio correr de boi
Mas também tinha um retalho
De hora a brincar sem perigo
E caçando passarinho
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO
POISPRECISO DE CARINHO.

 
Querido poeta, peço que analise se a minha
interação está correta. Grata pela sempre carinhosa visita. Abraços da
Esther, e que Deus o Abençoe!

Grato minha cara Esther pela interação muito boa.

 
 17/03/14 21:42 - Vânia Gomes, como sempre inspirada, fez assim:

Oi, Ansilgus!!
Cordel inspirado, divertido, com sua marca registrada! Esther é uma
parceira valorosa, sem dúvida!!!
Não resisti e fiz uma interaçãozinha.
Espero que goste!
Grande abraço.

Deu saudade e eu voltei
Pra ler teus belos poemas
Sumi, saí, tropecei
Mas resolvi os problemas
Sei que mereço um castigo
Mas não me deixes sozinho
Não queira brigar comigo,
Pois preciso de carinho.


 
 
 
21/03/14 00:35 - Leti Ribeiro

Boa noite ilustre poeta, que coisa mais linda sua página, com as boas
vindas para interações, me atrevo a tentar, nunca fiz cordel, então me
corrija se precisar....

 
Brincadeira de criança entendia
Jogava pião, pipa e amarelinha
Eu era feliz e não sabia

Pega-pega corria quando menininha
Fulgia de casa escondidinha
Brincava de boneca com a vizinha

Não queira brigar comigo
Pois preciso de carinho....

 
 Deixo meu abraço poético de admiração e
carinho.

 
 
 
 21/03/14 14:42 - Miguel Jacó assim se expressou (muito grato):

Na fazenda foi olheiro,
Cuidava do patrimônio,
Quando nascia um borrego,
Realizava meus sonhos,
Felicidades eu abrigo,
E abomino ser mesquinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO.

Rapaz cai na gandaia,
Virava noites em branco,
As donzelas na tocaia,
As casadas no barranco,
Então causei malefício,
e gora vivo é sozinho,
NÃO QUEIRA BRIGAR COMIGO,
POIS PRECISO DE CARINHO.

Parabéns Ansilgus, e Esther, pela primorosa coletânea de cordéis em
oitavas, e minhas reverências a esta leva de brilhantes interações, um
forte abraço, a todos vocês, MJ.

 

25/03/14 20:12 - Edmilton Torres

Caro Ansilgus, complementando o meu comentário envio-te uma singela
interação:

Eu magoei minha amada

 Provoquei grande desgosto
 Só percebi a mancada
Quando vi seu triste rosto

Pedi desculpa e abrigo
E lhe falei bem baixinho

Não queira brigar comigo
 Pois preciso de carinho.

Grato meu amigo.
ansilgus e Esther Ribeiro Gomes
Enviado por ansilgus em 15/03/2014
Reeditado em 26/03/2014
Código do texto: T4729402
Classificação de conteúdo: seguro
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