* O sussurro de Deus *
Um amigo levou um índio
Para passear em uma cidade,
Como o Rio ou São Paulo.
Seus olhos se enchiam de felicidade.
Não conseguia acreditar na altura
Dos edifícios e as incríveis figuras
E ele mal respirava, é verdade.
Não conseguia acompanhar
O ritmo das pessoas indo e vindo.
Espantava-se com o que via
E encantava-se sorrindo
O barulho das sirenes,
E dos automóveis, ele teme.
E eu ficava só ouvindo.
As pessoas falando em voz alta.
De repente, o índio falou:
- "Ouço um grilo!"
O amigo espantado retrucou:
- "Impossível nessa confusão!"
Preste mais atenção.
Acho que o amigo se enganou.
O índio insistiu que ouvia
Um grilo ali a cantar.
Tomando o seu cicerone pela mão,
Levou-o a um canteiro para verificar.
Afastando as folhas, apontou.
Para o pequeno inseto e falou:
- Eu sabia que ia te encontrar.
Perguntou o amigo, sem crer.
- Como ele veio parar aqui?
O índio pediu-lhe algumas moedas,
Jogou-as na calçada, pode ouvir.
Quando elas caíram e se ouviu
O tilintar do metal, que surgiu.
Muita gente se voltou para ali.
- Escutei o grilo porque o meu ouvido,
Com este barulho está acostumado.
Vocês ouvem o dinheiro caindo no chão
Porque assim foram condicionados.
A reagirem ao estímulo material.
Depois arrematou uma real,
Ouve-se o que o ouvido está treinado.
Vivemos em um mundo materialista.
A vida nos impõe que sejamos duros.
Acabamos nos tornando céticos.
A voz de Deus não é ouvida atrás de muro.
Senão por quem têm o ouvido sensível.
Nessa correria é imprescindível
Muitas vezes, ela passa em obscuro.
As agitações da nossa alma inquieta
Não nos permitem perceber o Divino.
Treinamos nossos sentidos para reagir
Apenas aos impulsos relatino.
Da sobrevivência humana,
Mas há uma realidade soberana
Que só se percebem com o tino.
Ver com a mente e espírito.
Quando se aquieta o coração
E se deixam tocar pelo Eterno,
Escuta-se o chamado da salvação
Entende-se o sussurro de Deus.
Apesar do tumulto que apareceu.
Escutar e entender, eis a questão.