O MUTILA-MIJÃO

O Mutila-Mijão

Jorge Linhaça

Ele fica a espreita

sem chamar a atenção

não levanta nem suspeita

uma coisa não aceita:

Gente mijando no chão.

Quando chega o carnaval

Ele logo aparece

com suas garas de metal

pra combater esse mal

que se espalha igual a peste

Na tocaia e atento

Pronto pra entrar em ação

vai seguindo o movimento

alerta em cada momento

É o Mutila-Mijão

Se algum mal educado

Põe pra fora o pingolim

Pode crer está fadado

quando o chão fica molhado

a sofrer um triste fim

Quando o pobre se dá conta

já lhe foi amputado

o motivo da afronta

fica o pingolim sem ponta

e o cara ensanguentado

As mijonas que se cuidem

pois estão em sua mira

peçam aos céus que lhe ajudem

ou de atitude mudem

os as xanas viram tiras

O macabro vingador

não tem face conhecida

mas detesta o fedor

do mijo podre o licor

escorrendo na avenida

os hospitais ficam cheios

de foliões mutilados

que esquecem que o banheiro

esse antigo companheiro

existe é pra ser usado

A preguiça e a bebedeira

a falta de educação

no meio da brincadeira

trazem vingança certeira

pelo Mutila-Mijão

Vê se então na paga mico

guarde a xana e o pingolim

use o banheiro químico

Pois senão só resta o grito

"Agora o que será de mim?"

Salvador, 14 de fevereiro de 2012