TRABALHADOR NO CAMPO ALEGRIA E MARTÍRIO * PARTE I ...( Feliz Dia do Trabalho)
Queimadas naturais ou não no meu Brasil...
“Roça de toco” resistência tenaz ao tempo,
Usa fogo como elemento ritual heróico e vil
Na renovação do pasto, prática, rudimento...
Tradição no cultivo de roças e pastagens,
Todos os anos a reviver o mesmo tormento...
O sol ardente queima os pastos, na estiagem,
Foices, estrovengas, desafios, elementos...
Boladas de capim, batidas no calor sufocante...
Fogo alastra-se rápido pela ação do vento...
Pipocando, tal munição de pólvora possante
Queimando o que encontra no momento...
Odores, verde a arder, chamas avermelhadas
Espetáculo belo e a um só tempo aterrador
Animais feridos correndo e muito assustados
Buscam refúgios distantes, segurança no pavor...
Agricultores salvando casas de sapé, seu espaço
Ameaçado, faíscas são levadas aos quatro cantos...
Animais ligeiros escapam, se afogam na fumaça...
Grupos de Maritacas coloridas voam aos bandos...
O barulho é apavorante, pessoas o fogo apagando
Baldes, latas, são correntes nas mãos dos moços,
Varas compridas panos molhados, todos lutando,
Usam galhos de mato, lenços protegendo o rosto...
As primeiras chuvas são bênçãos da primavera
Apagam para sempre os imensos focos, veios
Molham a terra e surgem as flores, quimeras...
Paineiras amarelas junto a imbaúbas vermelhas.
Trabalhadores, mais aliviados, com suas tulhas
Cheias de sementes, guardadas do ano anterior...
Sementes para ressurgir a gramínea, agulhas
Verdes do arroz, verde-azulado, milho já brotou...
Capim Jaraguá viçoso, após as primeiras chuvas
Depois das queimadas, contrastes aqui e acolá...
Flores do campo, lençóis brancos, capim gordura.
Moitas de carvalho e outras madeiras do lugar...
Trabalho que reúne toda a família, muito áspero...
Exemplo, disposição e união, ninguém fica de fora.
As mulheres, desafiam os homens, na colheita árdua
Qualquer colaboração é presente que revigora...
A lida no campo é dura, mas tem o seu lado bonito...
O canto dos pássaros, o contato com a natureza,
Reuniões, prosas, “causos” e as “treições”, ritos...
Formas de lazer, cada vez mais, de rara beleza.
Nas “treições” homens e mulheres, à meia noite
Em grupo coordenado, vão ao sítio do “escolhido”...
Chegada, com muita música, tem início o pernoite.
Foguetes saúdam o agricutor, que não teve aviso.
O morador se levanta às pressas, muito assustado,
Abre as portas da casa, que fica repleta de gente...
Pessoas amigas, ferramentas, tudo vê atordoado,
Foices, enxadas, cutelos, machados a sua frente...
Senhoras, moças e crianças com rodas de fiar...
Antes de raiar o dia todos a postos para trabalhar.
As mulheres fiam e cantam cantigas do lugar,
Homens, firmes no pasto, formam corais a cantar...
Grande alegria, na roça e na casa do trabalhador...
No mutirão trabalham homens, mulheres e crianças.
Na chuva ou sol, o trabalho se consuma, é o valor...
Comida farta, encerra as tarefas, com festança...
Repentistas nos versos exaltam o dono da roça,
Donos da casa, dançam ao som da sanfona rouca...
Os foliões apresentam a “catira” sertaneja, troça,
Com acompanhamento de viola e gaita de boca...
Tudo era trabalho, brincadeira, ação de irmãos,
Agora os trabalhadores rurais mudam sua ação,
Entre o medo e o desejo, substituem a tradição
Pela necessidade de ascenção social, vitória...
Tragados pela economia de mercado, logo são
Tolhidos também em sua identidade e história...
Ibernise.
Indiara (GO),01MAI2007.
Poema Inédito.
*Núcleo Temático Educativo.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.
Queimadas naturais ou não no meu Brasil...
“Roça de toco” resistência tenaz ao tempo,
Usa fogo como elemento ritual heróico e vil
Na renovação do pasto, prática, rudimento...
Tradição no cultivo de roças e pastagens,
Todos os anos a reviver o mesmo tormento...
O sol ardente queima os pastos, na estiagem,
Foices, estrovengas, desafios, elementos...
Boladas de capim, batidas no calor sufocante...
Fogo alastra-se rápido pela ação do vento...
Pipocando, tal munição de pólvora possante
Queimando o que encontra no momento...
Odores, verde a arder, chamas avermelhadas
Espetáculo belo e a um só tempo aterrador
Animais feridos correndo e muito assustados
Buscam refúgios distantes, segurança no pavor...
Agricultores salvando casas de sapé, seu espaço
Ameaçado, faíscas são levadas aos quatro cantos...
Animais ligeiros escapam, se afogam na fumaça...
Grupos de Maritacas coloridas voam aos bandos...
O barulho é apavorante, pessoas o fogo apagando
Baldes, latas, são correntes nas mãos dos moços,
Varas compridas panos molhados, todos lutando,
Usam galhos de mato, lenços protegendo o rosto...
As primeiras chuvas são bênçãos da primavera
Apagam para sempre os imensos focos, veios
Molham a terra e surgem as flores, quimeras...
Paineiras amarelas junto a imbaúbas vermelhas.
Trabalhadores, mais aliviados, com suas tulhas
Cheias de sementes, guardadas do ano anterior...
Sementes para ressurgir a gramínea, agulhas
Verdes do arroz, verde-azulado, milho já brotou...
Capim Jaraguá viçoso, após as primeiras chuvas
Depois das queimadas, contrastes aqui e acolá...
Flores do campo, lençóis brancos, capim gordura.
Moitas de carvalho e outras madeiras do lugar...
Trabalho que reúne toda a família, muito áspero...
Exemplo, disposição e união, ninguém fica de fora.
As mulheres, desafiam os homens, na colheita árdua
Qualquer colaboração é presente que revigora...
A lida no campo é dura, mas tem o seu lado bonito...
O canto dos pássaros, o contato com a natureza,
Reuniões, prosas, “causos” e as “treições”, ritos...
Formas de lazer, cada vez mais, de rara beleza.
Nas “treições” homens e mulheres, à meia noite
Em grupo coordenado, vão ao sítio do “escolhido”...
Chegada, com muita música, tem início o pernoite.
Foguetes saúdam o agricutor, que não teve aviso.
O morador se levanta às pressas, muito assustado,
Abre as portas da casa, que fica repleta de gente...
Pessoas amigas, ferramentas, tudo vê atordoado,
Foices, enxadas, cutelos, machados a sua frente...
Senhoras, moças e crianças com rodas de fiar...
Antes de raiar o dia todos a postos para trabalhar.
As mulheres fiam e cantam cantigas do lugar,
Homens, firmes no pasto, formam corais a cantar...
Grande alegria, na roça e na casa do trabalhador...
No mutirão trabalham homens, mulheres e crianças.
Na chuva ou sol, o trabalho se consuma, é o valor...
Comida farta, encerra as tarefas, com festança...
Repentistas nos versos exaltam o dono da roça,
Donos da casa, dançam ao som da sanfona rouca...
Os foliões apresentam a “catira” sertaneja, troça,
Com acompanhamento de viola e gaita de boca...
Tudo era trabalho, brincadeira, ação de irmãos,
Agora os trabalhadores rurais mudam sua ação,
Entre o medo e o desejo, substituem a tradição
Pela necessidade de ascenção social, vitória...
Tragados pela economia de mercado, logo são
Tolhidos também em sua identidade e história...
Ibernise.
Indiara (GO),01MAI2007.
Poema Inédito.
*Núcleo Temático Educativo.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.