A Freira Abusada

A FREIRA ABUSADA!!

Jorge Linhaça

Fui visitar uma igreja

lá na vila do cafundó

tomei antes uma cerveja

pois o calor dava dó

pode dizer o que seja

a garganta era só pó

Fui fazer minha reza

pro padim padi Ciço

pois caboco que se preza

num podi esquecer disso

Num pude me concentrá

nas reza pro protetor

oces nem vão acreditá

neste cabra sofredô

ali pertinho do altar

uma freira si encostô

A frêra era moça nova

dessas di chamá atenção

com jeito de airosa

de quem num é du sertão

parecia gata manhosa

sofrendu com o calorão

A tal danada da freira

pra poder se refrescar

assim todinha faceira

começou a se balançar

e nessa brincadeira

o hábito a levantar

Valha-me todos os santos

que assim num aguento

as pernas eram um espanto

e eu ja feito um jumento

as carça espixano o pano

imagine meu sofrimento

quanto mais o pano subia

do hábito daquela freira

mais eu me contorcia

parecia até coceira

e a tal moça só se ria

gostanu da brincadeira

rezei pai nosso, ave maria

e nada disso adiantava

engrenei a salve rainha

e a moça mais se mostrava

aquelas coxas lisinhas

cada vez mais me atiçava

Já tava que era o demo

quando o padre ali chegô

o hábito ela foi descenu

foi isso que me salvou

pois eu já tava me vendo

no inferno dos pecadô

saí correno pra feira

mó di encontrá solução

pra esquecer da freira

que me encheu de comichão

catei a maria baleira

e o resto num conto não.