meu embornal
quem conseguir o dinheiro
não será dono do mundo
pois também chega no fundo
barco que tem marinheiro
perto de um bandoleiro
não digo nada, me calo
penso naquilo que falo
mas não me escondo no abrigo
castigo anda a cavalo
coragem ri do perigo
Verinha foi pro Havaí
Márcia ficou na saudade
nenhuma dessas beldades
foram até Parati
quando fingi que sumi
minha mulher deu um estalo
“deixa ele ir no embalo
eu vou fingir que não ligo”
castigo anda a cavalo
coragem ri do perigo
padre que não dá sermão
perde a credibilidade
nem sempre está a verdade
num forte aperto de mão
pra quê zombar da ilusão
se ela é o monte que escalo
sonho que sai pelo ralo
é o que eu não persigo
castigo anda a cavalo
coragem ri do perigo
cobra não anda assustada
a gente é que se assusta
andar no brejo não custa
mas não de bota engraxada
o preço da encruzilhada
vou lá na frente encontrá-lo
quebro o graveto no talo
e faço dele um amigo
castigo anda a cavalo
coragem ri do perigo
levo no meu embornal
pão, canivete e cus-cus
uma oração pra Jesus
não me esqueci do jornal
pra saber na capital
onde vai ser que me instalo
onde ouço o canto de um galo
onde tem um pé de figo
castigo anda a cavalo
coragem ri do perigo