Por aqui tudo se supera
Nessa terra de Raimundo
Quase que no fim do mundo
Aqui todo mundo é fera
Quando falta alguém intera
*
Nós não queremos ser lentos
Todos mostram seus talentos
Não fica nada para depois
Se um mais um aqui são dois
Cem mais cem não são duzentos
 
Vou falar de dois poetas
Vindos da agricultura
No tempo da vida dura
Para atingir suas metas
Arrancaram das gavetas
E mostraram seus poemas
Com diversidades em temas
Para manter seus nomes vivos
Os dois escreveram livros
Na derrubada de juremas

São cem anos pra Miguel
E os mesmos cem pra Bidim
Por isso que digo assim
Todos dois são menestrel
Cada qual com seu papel
Estiveram sempre atentos
Pra registrar bons momentos
Por serem da mesma idade
Entra aqui toda a verdade
Cem mais cem não são duzentos

Botei os dois dialogando
Miguel Delfonso e Bidim
Eu imaginei ser assim
Dois poetas conversando
Só podiam está rimando
Dessa forma eu pensei
Que os dois são bons eu sei
Só não sei se são iguais
Verifique em seus sinais
Minha opinião eu já dei


Miguel.
-Seu Bidim preste atenção
Veja da vida o retrato
Veja o nosso sindicato
Que fundamos com emoção
Bem no seio do sertão
Naquele século passado
Está bem administrado
Defendendo o agricultor
Esse homem trabalhador
Que vive do seu roçado

Bidim.
-Tenho mesmo observado
O quanto a coisa evoluiu
Aquele miserê sumiu
E hoje tem bom resultado
Tem verba pra todo lado
O progresso aqui chegou
Nunca mais ninguém falou
Em invasão de bodega
Hoje o agricultor não nega
O quanto a vida melhorou

Miguel.
-Antes o pobre agricultor
Tinha muita dificuldade
Que não sente nem saudade
Sofreu muito em seu labor
Por que não tinha o trator
Hoje ele viaja é de TAM
Toca as vacas é de TITAN
Tem nova picape STRADA
Nem quer se lembrar de nada

*Vai ver o meu padim de VAN

Bidim.
-Longo período de seca
*
Ou invernos ruins demais
Sofre a gente e os animais
Mas nem assim cai á peteca
Água em açude é merreca
Ficando próximo da lama
A gente fica por que ama
Nosso querido torrão
Mesmo com tanta sequidão
O agricultor não reclama

Miguel.
-Entra ano e sai ano
E o agricultor se mudando
Nas vilas se aglomerando
Mas não sofre nenhum dano

*Até o arroz é urbano
Muito bem beneficiado
Tem branco e parboilizado
Que cozinha bem soltinho
Já vem empacotadinho
E tem em todo mercado.



*Não encontrei em nenhum dicionário, mas eu aprendi que o seu significado era: completa.

*O Padre Cícero, La no horto, em Juazeiro do norte Ceará. VAN=TOPIC.

*Seca, não me refiro apenas a este ano de 2014, mas aos anais da historia dessa região. Deus tem sido maravilhoso com a população de Várzea Alegre, tem chovido muito nesta primeira quinzena de fevereiro, 2014. É paradoxal, mas após uma das piores estiagens, já se ver as águas indo embora.


*Cadê o arroz que dava aqui?...

Obs. Eu já tinha anunciado que este ano, é o ano do centenário de Miguel Delfonso, aí descobri que é também de Bidim. Outro poeta de Várzea Alegre. Por isso, a minha homenagem aos dois.





















 
PAULO JEZER
Enviado por PAULO JEZER em 08/02/2014
Reeditado em 14/02/2014
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