TERROR NO METRÔ PAULISTANO
TERROR NO METRÔ PAULISTANO
Jorge Linhaça
O povo estava espremido
Em um trem avariado
O sol, lá fora, encardido,
Queimava o ferro e o vidro
O povoão, já sufocado,
Implorando por clemência
Foi às portas de emergência
E abandonou o danado
Mas não foi por vandalismo
Nem baderna orquestrada
Foi por conta do cinismo
E da solução não dada
Que a empresa sem voz
Sempre distante e atroz
Jamais informa de nada
Já faz mais de vinte anos
Que a vergonha vigora
Foi entrarem os tucanos
E aumentar a demora
Quase nada acrescido
Trechos novos esquecidos
E a condição só piora
De promessas e vigarice
Vive o tal governador
E há quem faça a tolice
De novamente o lá por
Nada faz do que promete
Na mídia paga o confete
Se achando rei e senhor
C’oa maior descaramento
Chama a todos baderneiros
Pros serviços quer aumento
Só vê a cor do dinheiro
Que morressem abafados
Lá no vagão, os coitados
Sem sair do cativeiro
Queria ver o safado
Pegar busão ou metrô
Viajar todo apertado
E sofrendo no calor
Mas quem junca trabalhou
Paga bem a quem votou
Pra aumentar seu reinado
Presídios superlotados
Educação aos pedaços
O transporte defasado
Por conta desses palhaços
A saúde que não cura
Ele impondo a ditadura
E fazendo estardalhaço
O crime comendo solto
E ele fazendo discurso
O povo dormindo no ponto
Levando abraço de urso
Manda sentar a borracha
E qualquer um esculacha
Se contestar o seu curso
O rombo nas cotas dá medo
De pensar o seu tamanho
Mas mais tarde ou mais cedo
Há de ver o povo o ganho
De ir votando em tucano
E entrando pelo cano
Sem achar isso estranho