“O progresso às vezes não é viável para todos” (uma rodovia em nossa porta)
A dor e a tristeza passa
Mas, na memória fica
Guardado na lembrança
Tudo que tivemos na vida
Isto quem dizia era meu pai
Quando estava muito triste
Ao lembrar da vida na roça
De tudo que não mais existe
Todos os anos plantava
De tudo pra colher
Alimentos pra família
Era feito com prazer
Então veio o progresso
Trazendo logo a desgraça
Pra acabar com a alegria
Daquela gente cheia de graça
Uma rodovia chegou
Pra fazer a gentileza
Trazendo na bagagem
Toda aquela beleza
Passava máquina em tudo
Até onde não precisava
Ia arrancando tudo
O que aquela gente plantava
Sonhos ! –Foram- se desfazendo
Plantações! Nenhuma salva
Tudo foi devastado
Por esta gente sem resalva
Lembro-me muito bem
Da terra meu pai retirava
Uma plantação de arroz
O sustento e alimentava
Desta nada sobrou
Muitas sacas eram colhidas
Arroz, hortaliças!
Tudo isto, era uma vida
O prejuízo foi grande
Ninguém se responsabilizou
Destes sonhos desfeitos
Jamais alguém comentou
Indenização, pra começar
Nunca se ouviu dizer
Aquele povo sofrido
Ficou mesmo sem receber
De madrugada acordava
Com um barulho imenso
Máquinas destruindo tudo
Um sofrimento intenso
O progresso em fim chegou
Trazendo muita confusão
Pra aquele povo carinhoso
Em meio a devassidão
A família entristecida
Com tudo que ali se via
Tratou logo se mudar
Seguiu a rodovia
Mas, na memória ficou
Todo aquele sentimento
Ver tudo destruído
E, ser levado ao vento
Em memória a um passado que não me sai da lembrança