VAI PRA BAIXA DA ÉGUA
VAI PRA BAIXA DA ÉGUA
1
No sertão da Paraíba no ano
De mil novecentos e quarenta
Pra mandar alguém pro inferno
Não mudava nem a vestimenta
A expressão que era mais usada
Até hoje o nordestino argumenta...
2
Vai pra baixa da égua
Com essa conversa fiada
Filhos desobedientes
Aqui não estão com nada
Aprenda a dar graças a Deus
Nesta terra abençoada...
3
Então vou contar uma história
Que um dia aconteceu
Já faz um bom tempo
O personagem já morreu
Teve a sua fazenda roubada
E tudo o que Deus deu...
4
Jovem de uma família humilde
Porém honesto e trabalhador
Pelas bandas daquele sertão
Muitos sentiam por ele amor
Nasceu no mundo pra ser dono
De um recanto lindo em flor...
5
O seu nome era conhecido
Por todos daquela banda
Filho de pais paraibanos
O seu coração era de Vanda
Toninho tinha um coração
Mangará que não desmanda...
12
Assim dizia seu velho pai
O certo não, mas o errado
É da conta de todo mundo
A verdade segue o recado
Quem tem o rabo de palha
Cuida pra não ser queimado...
13
Um nordestino trabalhado
A sua mente é um universo
Sabedoria transbordante
Contada ou cantada em verso
Para alegrar o povo do sertão
O qual na mente vai imerso...
29
No bar do seu Mané
Celestino lá chegou
Cavalgando em sua égua
E ao seu Mané falou
Seu filho é homem de bem
Meu apoio ele ganhou...
30
O coronel sentia muita raiva
De Tony que nunca o obedeceu
Livremente ele trabalhava
E namorava a filha do compadre seu
Mas o rapaz defendia os pobres
E a tribo indígena que sobreviveu...
31
Tony estava muito preocupado
Com a professora sequestrada
Então foi à casa de Celestino
Tentando resolver essa parada
Celestino conhecia muito bem
Todos os lugares e todas as estradas...
32
Procuraram por toda a noite
E pela manhã numa cabana
Encontraram a professora
Os cangaceiros em campana
Dormiam feitos anjinhos
Naquela situação desumana...
33
Tony e Celestino resgataram
A professora do cativeiro
E o coronel quando soube
E desceu o despenhadeiro
E ordenou que ajuntassem
Os cangaceiros no celeiro...
34
Ordenou mais um sequestro
Agora dessa vez era Vanda
Noiva de seu desafeto Tony
A linda doutora paraibana
Assim o coronel deu as ordens
Para o sequestro da semana...
50
Batoré apanhou e foi amarrado
E teve que confessar o local
Tony reuniu um exercito
E com cuidado cercou o coqueiral
Lugar onde estava Vanda
Em situação anormal...
51
O lugar do cativeiro foi cercado
Por muitos homens armados
Quando os cangaceiros perceberam
Já estavam encurralados
Mesmo assim reagiram
E choveu bala pra todos os lados...
52
A luta demorou algumas horas
E Vanda foi com vida resgatada
Toninho ficou muito feliz
Ao ver sã a sua amada
Morreram dezoito cangaceiros
Mas a luta não estava terminada...
53
Toninho foi para a fazenda
As contas com o coronel acertar
Ao se aproximar da sede
Logo se ouviu o pipocar
Foram tiros pra todos os lados
Para o sertão melhorar...
54
A luta foi cautelosa
E para muitos foi mortal
O coronel foi vencido
Em seu próprio quintal
Morreu como onça brava
E para o sertão foi sensacional...
55
O sertão agora estava
Em completa harmonia
Foi instalada uma escola
A qual funcionava noite e dia
A doutora montou seu consultório
Para aumentar mais a alegria...
56
Assim a baixa da égua
Foi aos poucos crescendo
Tornou-se um bom lugar
E foi cada dia se desenvolvendo
Crianças e adultos na escola
Todos estavam aprendendo...
57
Tony e Vanda se casaram
E dedicaram as suas vidas ao povo
Amavam com criatividades
Tudo que se chamava de novo
Assim a Baixa da Égua
Tornou-se um lugar vistoso...
58
Toninho tinha uma família
Respeitosa e de boa gente
Procuravam com educação
Semear um mundo diferente
Onde o povo fosse mais feliz
E o sertão mais contente...
59
Assim termino esses versos
Sem mandar ninguém pra o inferno
Com amor e muita coragem
Eles criaram um mundo moderno
Justiça sempre foi à prioridade
Sem abandonar o amor fraterno...
60
Viventes da Baixa da Égua
Vivem sempre antenados
E nesta profusão cultural
Eles estão sempre ligados
As histórias vão tecendo
Deixando o lugar mais amado...
Francis Perot
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