O SOL DO ÉDEN

Poema holístico.

Vinha bem dissimulada

-Feito cobra planejada-

Das páginas do paraiso

Vinha ao mundo enfeitiçar,

Vinha mansa sem zunido

Frente ao que já estava escrito

Algo como um feitiço!

Na atitude de enganar...

Pela terra rastejava...

Se sentia indignada,

Vinha sempre malfadada

À perene confusão

Vinha a tudo farejando

Olhos vivos faiscando

No bastidor almejando

Todo meio em convulsão.

Nem tivera esconderijo

Nem nenhum lugar propício,

Vinha dum lugar perdido

Para o bote implementar,

Era da sua natureza

Que com toda a certeza

Era o mundo em perdição.

Emanava um sorriso

Na sua mão doce artifício

Aparente comunhão.

Vinha com a fruta da vida

Na maçã pré- concebida

Como franca expiação.

Ser holístico, sem sentido!

No que nos fora prometido,

mas seu mister era encantar,

Para depois abocanhar

O resquício da inocência

E seduzir a consciência!

Vinha na maledicência

De apenas degradar

E o Éden desnortear.

Não só era venenosa

Tinha influência maldosa!

Do poder de aliciar...

O melhor do paraíso,

Ao Eden já sem juízo

Nunca teve o compromisso

De algo edificar.

Vinha só ludibriar

Para o bem aniquilar.

Era cobra soberana

Da escala mais mundana!

De intenção profana

De a todos enganar,

Eloquência encantadora...

De ação devastadora,

Cobra cega, decantada

Da escura encruzilhada

Onde o tudo era o nada!

No afã de aniquilar.

Certo dia de virada.

Pelas ruas descuidada

Qual destino em oposição,

A verdade desnudada...

Uma pedra desgarrada

Lhe partiu a tradição...

Extinguiu-lhe a missão.

De esperta iguaria

Qual rainha na Bastilha

Despencou da sua trilha

De maldade, em inanição.

Uma cobra esmagada

De destino, apedrejada

Serpente decaptada,

Virou cobra empedernida

Mais rasteira que a vida

Que tentou envenenar.

Enrolou a sua língua

E lambeu a sua ferida

Que sentiu amargurar,

A que se abriu na varredura

Da maldade, sem doçura

Do que veio alimentar,

Impossível de curar...

E cumpriram-se as escrituras

Na fiel propositura

DO que veio nos salvar.

E assim não mais brejeira

Consumiu-se da rasteira

Do que veio fomentar.

Do dual yin ao Yang

Sobreveio o bem constante

Frente ao mal a declinar,

Ressurgiu o sol ao Eden

Qual a força duma prece

Destinada a abençoar...

Para a vida iluminar.