ORAÇÃO DE FIM DE ANO
Queira Deus me escutar
Numa pequena oração
Porque filho eu também sou
Do Senhor e do sertão
Dos dois ando envergonhado
Vendo o povo abandonado
Vendo sofrer meu irmão
Devo lhe pedir perdão
De antecipado motivo
Porque sei que meu cordel
Parecerá agressivo
Fruto do seu abandono
Por permitir neste mundo
Homem de outro cativo
O Senhor é o mandachuva
Porém a chuva não veio
Sem roçado, sem fartura
Sobra ao pobre aperreio
Aperreio ensolarado
E Cristo aí ao seu lado
Sem fazer nada é tão feio
É com reza e procissão
Que lhe agradece essa gente
Quando é boa a invernada
Quando a seca está ausente
Se é o Senhor que entrega
Também deve ser quem nega
Deixando esta terra quente
Sendo o Senhor justo e bom
Como explicar para o povo
Que das graças alcançadas
Cabe ao pobre pão e ovo
Já para o vil traficante
Conforto, ouro, diamante,
Casarão e carro novo
Só para exemplificar
Absurdo eu contarei
Poderia eu comparar
Um trabalhador com um rei
Mas vou fazer diferente
Comparar bicho com gente
Logo abaixo isso eu farei
Porque gado aqui na terra
Come o que muitos não têm
O boi valendo um milhão
O pobre nem um vintém
O Deus que isso permite
Faça um favor me evite
Para todo o sempre amém
Na Síria, eu tenho assistido
Sofrer adulto e criança
Acaso tem permitido
Toda aquela matança?
Diga que não é verdade
Que não venceu a maldade
Que não mataram a esperança
A ONU é um serviçal
Uma farsa e nada mais
Tá do lado de quem pode
Não é agente da PAZ
Ela é coveira somente
Engana o povo inocente
É omissa contumaz
O Senhor que tudo pode
Só oferece promessa
Podendo nos dar justiça
Nos manda aguardar sem pressa
Veja que justiça ausente
É injustiça somente
Ninguém quer mais só conversa
Com fogo, guerra e com sal
Sodoma até hoje arqueja
Quem foi vítima de abuso
Viver em paz se almeja
Mas ao invés de punição
Só lhes deram proteção
Aos criminosos da Igreja
Até ontem acreditava
Na força da disciplina
Aprendia com fervor
Os livros eram uma mina
Deixo de lhes dar louvores
Afinal são os doutores
Nossas aves de rapina
A Europa que eu vejo
Despreza a população
Lhe oferece desemprego
Mendigos sem casa ou pão
Outro dia, eu escutava
Que o povo jamais passava
Fome com educação
Termino, Senhor, agora
Minhas preces, meu gemido
Nas entrelinhas se encontra
Afinal o meu pedido
Portanto agora convém
Em nome de Cristo, amém
Aguardar ser atendido