MOTOSONHO

1.

O mundo do Motociclismo

Vai desmoronando pra mim.

Não penso mais em ficar,

Creio que cheguei ao fim.

Devagar volto aos coxinhas,

Som baixinho e janelinhas,

Passeio em São Joaquim...

2.

Tudo que podia eu fiz,

Em prol do motociclismo.

Encontrei pessoas sérias

E também muito cinismo.

Cachaça que solta rolava,

Gente fraca e gente brava,

Melhor então, ostracismo...

3.

Minha moto vou vender.

"Dragueiro" já não sou mais.

Quero agora andar pra frente,

Um basta ao andar pra traz.

Jamais ser um sedentário,

Mas de saúde um milionário,

E guerreiro contumaz...

4.

O tempo de motociclista?

Este pra mim já passou.

O que pôde me doar,

Com certeza me doou.

Vou buscar outro caminho,

Avante e mais um pouquinho,

Da vida curtindo o show...

5.

Saudades nenhuma levo.

Desempenhei meu papel.

Como bom motociclista

E compositor de cordel.

O mesmo ateu que cheguei,

Igualzinho eu partirei,

Sem acreditar no céu...

6.

Motos pra mim, nunca mais.

Á elas jamais voltar.

Aproveitei do que pude,

Sem ter do que reclamar.

Muito usei e abusei,

Cumpri sim a sua lei,

Ta na hora de zarpar...

7.

Aos amigos um abraço

E forte aperto de mão.

Fiquem na paz e amor

Do grande São Dragstão.

"Paulada" está se mandando,

Outros ventos vai buscando,

Até que chegue o caixão...

8.

Acho que estava sonhando.

Que sonho mais esquisito.

Eu vivendo sem a moto,

Meu mundo seria maldito.

A moto é parte de mim

Sempre falei e repito...

9.

Abandonar minha Raça

A Raça do meu coração?

Eu deixar de fazer "ora"

Orando á São Dragstão?

Que sonho mais absurdo

Renegar o meu Brasão...

10.

Ainda bem, foi um sonho.

Gente há que acreditou.

Mas tire o cavalo da chuva,

"Paulada" já acordou.

A moto é tudo pra ele

E ainda não endoidou...

11.

Vou até dar um rolé,

Alimentar a paixão.

Tomar um vento na cara,

Curtir um bom estradão.

Carregando dentro ao peito,

O meu Dragueiro Brasão.

Finale.