* A jardineira *
Viajava uma jardineira,
Numa expresso ou perua,
Levando entre malas e trouxas,
Junto com a bagagem sua.
Um caixão de defunto, vazio.
Que me dava arrepios
Ao ver a disposição sua.
Logo adiante na estrada,
Um homem parado dá sinal
E a perua para.
Ele entra e viaja normal.
O tempo tinha se fechado
Uma chuva havia se formado
E começou a chover legal.
O sujeito então achou.
Que não seria nada mal.
Ele entrar no caixão
E se defender do temporal.
Pensou melhor e fez.
Entrou, logo de uma vez,
Espichar as pernas seria legal.
Ajeitou a cabeça ali dentro
E puxou a tampa do caixão.
Ouvia a chuva cair.
E não estava nem aí não.
Adiante, dois passageiros,
Estavam em desesperos
Esperavam uma condução.
A perua parou de novo;
Os homens no carro entraram
E subiram para o alto.
Perto do caixão se acocoraram.
A chuva fina e insistente.
Está ensopando a gente
Ambos molhados conversavam.
E passado algum tempo...
O que ia resguardado
Ali dentro do caixão
Sentia-se sufocado.
Escutava a conversa ali
Levantou a tampa e quis sair
Perguntando atordoado.
Digam-me, companheiros,
Esta chuva já passou?
Num salto, os dois embobados.
Com aquilo que se apresentou.
Desceram com o carro correndo.
Desesperados dizendo:
- Um defunto ressuscitou!
Um quebrou a perna,
O outro, braços e costelas.
E ficaram ambos estatelados
Com o mistério que se revela!
E sem fala, na estrada.
Não tinham entendido nada.
Imagine uma coisa daquela.