CAÇADA VIRTUAL

CAÇADA VIRTUAL
Silva Filho


Meu verso desmantelado
Não tem tempo a perder
Segue um roteiro traçado
Sem traço pra descrever;
Pois vaguei desnorteado
Quando me vi sombreado
Na sombra do entardecer.

Quando o tempo permitia
Fui um vate autonomista
Qualquer mote me feria
Qualquer mote dava pista;
Com freqüência escrevia
Mas quem olhava não lia
As teses dum cordelista.

Fui deixando essa mania
De pôr a rima no mote
Fui pra outra freguesia
Pra ficar de camarote;
Mas de lá eu não ouvia
Quando um coração batia
Trepidando num decote.

Minha musa foi embora
E deixou u’a sensação
De que a verve sonora
Não mais soou em canção;
Esperei por toda aurora
Que voltasse aquela hora
De rimar no seu colchão.

Hoje aqui, estou de volta
Mas como bom perdigueiro
Empenhado nu’a escolta
Dum coração viageiro;
Sem qualquer reviravolta
Nesse laço que não solta
Já não posso ser bandeiro.

Num passado bem recente
Li versos de bom sabor
Sabor de pele bem quente
Com prenúncio de amor;
Não há faminto q’agüente
Ficar num canto, dormente
Sem carne, cama e licor.

Já fiz versos carimbados
Para coração atento
Foram sonhos bem rimados
Que detalhes não comento;
Mas se foram orvalhados
Bem ficaram conservados
Aguardando algum rebento.

Qual enigma em cordel
Deixo aqui esta mensagem
Uma abelha me traz mel
Desprovida de roupagem;
E estes versos em cartel
Se não forem qual babel
Vão verter dupla dosagem.


BRILHANTE INTERAÇÃO DE MIGUEL JACÓ
OBRIGADO AO ILUSTRE POETA.



UM CORDELISTA DE RAÇA
DEMONSTRA O SEU VALOR
TOMA VINHO LAVA A TAÇA
DA PAQUERA FAZ O AMOR
E QUANDO A MORENA LAÇA
COMEMORA COM CACHAÇA
SEM VERGONHA OU PUDOR.