BONS VENTOS

BONS VENTOS

Silva Filho

Por todos os brasileiros

Bons ventos são esperados

Porque sonhos centenários

Inda se quedam frustrados;

Mas existem salafrários

Que recebem nos armários

Maços de dólar lacrados.

São meninos inocentes

Que têm a sorte na mão

Sequer sabem o que fazem

Pra receber o quinhão;

São assim predestinados

E pelos ventos soprados

Recebem seu “ganha-pão”.

Dinheiro que vem de longe

Dinheiro que vem de perto

Segredo que só um monge

Pode manter encoberto;

No Brasil do faz de conta

Ninguém conta a afronta

Do submundo diserto.

Malas pretas recheadas

Já cumpriram seu papel

A cueca foi chamada

Pra prestar um aluguel;

Transportando dinheirama

Com algum tipo de lama

Mas muita sopa no mel.

Até voto já compraram

Pra corromper o Congresso

Num esforço concentrado

Consumando um excesso;

A Carta, sem segurança

Sucumbiu com a lambança

Desse fato inconfesso.

Ninguém sabe, ninguém viu

Não se pagou nem comprou

E o dinheirão rastreado

Nem CPI segurou;

São despesas de campanha

Com o carimbo da manha

Que no Brasil prosperou.

Pra comprar um Dossiê

Vem dinheiro dos States

Os ventos de norte a sul

São padrinhos do deleite;

Mas o povo acha graça

E se não faltar cachaça

Não tem caso “dolargate”.

O ingresso clandestino

De Divisas por bueiro

É infração muito grave

Como Crime Financeiro;

Mas punição – é golpismo

Que empurra pro abismo

O Governo brasileiro.

São afrontas que maculam

Esta nação brasileira

O Povão se acomoda

E o Congresso faz besteira;

Ninguém toma providência

Ninguém diz qual excelência

Comanda a bandalheira.