CORDEL – Sem mote – Termos e expressões nordestinas – 27.11.2013
 
 
          Meus amigos, boa noite. O vocabulário nordestino, caipira, sertanejo é de uma riqueza extraordinária. Estou tentando, aos poucos, construir versos de cordel em cima de alguns deles, adaptando-os na medida do possível. Como fonte tenho usado o “Dicionário do Nordeste”, obra de Fred Navarro, um pernambucano arretado, cuja competência é invulgar e muito rica para os nossos patrícios.
 
CORDEL – Sem mote – Termos e expressões nordestinas – 27.11.2013
 
 
Oitavas de sete sílabas poéticas
Rimas em ABABCDCD

 
Puxa gente eu nem sabia
Que Bababi é sinônimo
De surra ou briga, ingrisia,
De confusão sou anônimo
Mas também é desmantelo
Até fuba pode ser
Barraco, sova um flagelo
Né obrigado saber
 
E a Babação o que é
Vem a ser a chaleiragem
Puxa-saquismo até
Que mistura com chantagem
E a Babaquara, pois não!
É burra, tola, nada sabe,
Mas tem outra tradução
Pois acho que aqui só cabe
 
É pessoa poderosa
Em Piauí e Ceará
Influente, toda prosa,
Sábia, pode acreditar,
Mas bom mesmo tem A baba
Bem saborosa de moça
Que na boca logo acaba
Sem que ninguém faça força
 
Que é um doce arretado
Feito com açúcar e ovos
Leite de coco coado
Pra fortificar os novos
Daí pensei no Babau
O mesmo que mamulengo (¹)
Burro que só vai no pau
Um João-redondo, jumento,
 
Mas o que é ser Babeco?
Na Paraíba será:
Caipira, qualquer treco,
Matuto sem duvidar
Capiau e mucureba
Sempre pra apequenar
Numa apanha uma entrega
O negócio é escachar
 
Com Babilaque chegou
Uma gata muito bela
Seu ornamento usou
Uma joia na orelha
Mas isso é no Ceará
Das terras de Iracema
Quis seu brinco colocar
Parecia Ipanema
 
E chegou a molecada
Doidinha pra Babujar
Beliscar desajeitada
Ou mesmo até lambiscar
Pra provar ninguém deixava
E virou Bacafuzada
Alvoroço na moçada
Confusão desenfreada
 
Então chegou a polícia
Com todo seu Bacolejo
Numa boa, sem malícia,
Confusão eu só prevejo
E deu logo uma sacada
Digamos uma batida
Ou mesmo uma espiada
A briga estava contida
 
Bacorinha, se não me engana,
Do cassaco um embrulho
Um trabalhador na cana
Aquilo era um entulho
Lá na beira da estrada
Também pode ser tanaca
Ou mesmo uma talhada
 Xoxota que a carne é fraca
 
O que será Bacuejo (ê)
Na Bahia é muito usado
É um banho de asseio
Pra quem está apressado
É banho pela metade
Banho de cuia também
E só por necessidade
Na hora do vai e vem
 
Não venha com Badaronha
Nem com tanta sacanagem
Nessa cara de cegonha
Só existe malandragem
Acabe com armação
Pois ninguém está contente
Não faça cara de cão
Mude seu expediente
 
Bacurau, o corujão,
Último ônibus da noite
Leva gente de montão
Não precisa de açoite
Também pode ser tetéu
Um insone, que não dorme,
De tanto usar o chapéu
Não prega o olho, disforme,
 
Badé ou mesmo xangô
Na Bahia é orixá
Não duvide, por favor,
 Bodoque também será
É estilingue, baleeira,
Atiradeira também
Vou terminar a brincadeira
Não devo nada a ninguém
 
Pois esse tal de bodoque
Feito com uma forquilha
Fuja dele, se desloque,
Cuidado com a braguilha
Pois as tiras de borracha
Têm grande poder de alcance
Atinge até quando abaixa
Esse é o grande lance
 
(¹) – Mamulengo = Fantoche, rico em situações satíricas e cômicas.
 
Em revisão
 
 
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 30/11/2013
Código do texto: T4592459
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