CAÇADA A CÉU ABERTO

CAÇADA A CÉU ABERTO

Silva Filho

Quando tu estás a mil

Ó potranca do meu prado

Vou montar meu alazão

Campeão mui respeitado;

Vou partir como rojão

Num cavalo garanhão

Que me fez bem escolado.

Vou entrar em tuas curvas

Sem brecar o garanhão

Deslizando no teu corpo

Como espuma de sabão;

Eu cavalgo sem a sela

Quando tem uma costela

Como aquela de Adão.

Nas retas, passo de mil

Estando bem apoiado

Quando na bifurcação

Estarei mais moderado;

É ali que um garanhão

Tem melhor concentração

Pra fazer o seu traçado.

Vou explorar acidentes

Como montes e baixios

Uma gruta e vertentes

Que provocam calafrios;

Por veredas descendentes

Deixo marcas transparentes

Escorrendo como rios.

Pela noite ou madrugada

O meu corpo vai e vem

Minha espada empunhada

É o brinquedo do meu bem;

Que se mostra encantada

Com a peça encaixada

Entre as coisas qu’ela tem.

E por toda a extensão

Pelo côncavo e convexo

Vou passar a minha mão

Antes de passar o nexo;

Primavera ou verão

Qualquer outra estação

Jamais perco o reflexo.