AS BELEZAS POTIGUARES PRECISAM SER DIVULGADAS
(Marciano Medeiros)
No Rio Grande do Norte
Vemos obras naturais,
Grandes tapetes de areia
São nossos cartões postais,
Que divulgam lindas praias
Nos sítios e capitais.
As luzes vindas do sol
Parecem fios de ouro,
Transformando o Potengi
Num deslumbrante tesouro,
Gerando vidas no rio
Do mar para o nascedouro.
Nas plagas do Seridó
Também vemos nostalgia,
Cardeiros nos pedregulhos
Ficam de noite e de dia,
Olhados por sertanejos,
Quando fazem romaria.
Em plena seca voraz
Vemos batalha cruel,
Cobra devora o preá,
Gavião, a cascavel,
Num rito da natureza,
Eternamente fiel.
1
Nos carrascais potiguares
Vemos diversos vaqueiros,
Usando vestes de couro
Para enfrentar espinheiros,
Montados nos seus cavalos,
Relembram velhos guerreiros.
Estes nobres andarilhos
Perseguem bois valentões,
Correndo dentro do mato
Em cima dos alazões,
Para pegar os garrotes
Que fogem pelos sertões.
Também vemos juazeiros
Numa seca rigorosa,
Vivendo mesmo sem chuva
De maneira imperiosa,
Dando sombra aos animais
Na solidão tenebrosa.
Bem perto do juazeiro
Existe pobre casinha,
Um cachorro vira lata,
Jumento, bode e galinha
Com fogão de lenha aceso,
Fumaçando na cozinha.
2
Na residência singela
Mora um senhor educado
Que chora sem verter lágrimas
Quando descreve o passado,
Parece um velho profeta
Por nosso Deus inspirado.
Este velhinho conversa
Relembrando os cangaceiros,
Do grande Antônio Silvino
Conta gestos cavalheiros,
Quando protegia moças
De cabras aventureiros.
Do famoso Lampião
Narra às sinistras façanhas,
Relatando para os netos,
Aquelas cenas estranhas,
Quando o cruel vingador
De muitos rasgou entranhas.
É bem fácil no sertão
Esta cena acontecer,
Um avô contado histórias
Para a família entreter,
Quem duvidar que procure,
Pois isso irá perceber.
3
Tem menino estudioso
Pretendendo ser doutor,
Outro que vive no campo
Trabalhando com amor,
Declama bonitos versos
Feitos por um cantador.
O Rio Grande do Norte
Gera cenas costumeiras:
Matutos usando botas,
Trabalham nas capoeiras,
Depois levam seus produtos
Pra negociar nas feiras.
Até mesmo difusora
Com locutor engraçado,
Divulgando seu comércio
Bem na frente do mercado,
Achamos nas feiras livres
Do nosso pequeno estado.
Vemos diversos feirantes
Vendendo tudo a granel,
Tem cidadão que pechincha
Por ser cliente fiel,
Guardando o troco no bolso
Para comprar um cordel.
4
Além da riqueza humana,
Temos sublimes paisagens
Que comovem os potiguares
Parecendo, até miragens,
Pedaços da natureza,
Formando belas imagens.
Lembro a Serra do Coqueiro,
Nosso ponto culminante.
O Pico do Cabugi
De lá é muito distante,
Mas são dois quadros perfeitos,
Cada qual mais elegante.
Na cidade de Patu
Existe a Serra do Lima,
Além dos vários rochedos
Que ao povo dão autoestima,
Pois quem contempla o cenário
Bota a mente em novo clima.
Na vastidão potiguar
Menciono Caicó,
Uma rosa tão bonita,
Surgida no Seridó,
Mas relembro também as,
Salinas de Mossoró.
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Pois as correntes marítimas
Na região salineira,
Chegam trazendo bom sal
Para a nação brasileira,
Que tempera o alimento
Durante a semana inteira.
Também vemos em Macau
Essa fonte de energia,
Nas águas vindas do mar,
Num vai e vem com magia,
Muito sal é retirado,
Em produção que varia.
Nos terrenos potiguares
Vou declarar sem suspense
Que surge muito petróleo
No solo mossoroense,
Movimentando o Brasil
E a capital natalense.
Distante de Mossoró
Existe linda aquarela,
Onde as ondas ritmadas
Demonstram canção singela,
Sendo difícil encontrar,
Terra que seja mais bela.
6
O lugar se chama Touros
Cidade de povo sério,
Tem lindos peixes que nadam
Naquele mar de mistério,
Vindo pras bordas praianas,
Que lembram lençol etéreo.
Na manhãs silenciosas,
As águas são agitadas,
Conduzindo os pescadores
Em pequeninas jangadas,
Vão superando as espumas
Das ondas esbranquiçadas.
Touros é fenomenal
Declaro sem fantasia,
Nas calçadas mais antigas
Encontramos alegria,
Quem visitar o seu povo,
Vai receber cortesia.
Os lindos raios da lua
Parecem setas de prata,
Inspirando, até quem canta
Para fazer serenata,
Demonstrando os sentimentos
Duma paixão que maltrata.
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E regressando a Natal
Descrevo a “noiva do sol”,
Com praias inesquecíveis,
Dunas e lindo farol,
Impressionando a todos
Em cada novo arrebol.
Esta capital singela
Merece bastante estudo,
Um lugar especial
Onde temos quase tudo,
Pesquisado pelo mestre:
Luís da Câmara Cascudo.
Por fim lembro Ponta Negra,
Que não tem terrenos vagos.
Noutro tempo os holandeses –
Ali promoveram estragos,
Completando a invasão
Lá no Forte dos Reis Magos.
Mas regressando ao presente
Fiz as regiões mostradas,
Descrevi o Litoral,
Falei nas praias salgadas.
E encerro o cordel deixando,
Nossas paisagens lembradas.
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