Frei Dimão e Nanda digladiam
A mim deves obediência
como está nas escrituras
senão vem a penitência
das mais firmes e mais duras
Tenho a carta de alforria
Ficando livre da penitência
Se for rezar naquela abadia
E acaba-se esta prepotência.
Meu intuito é corrigir
o que de errado está
porisso vou proibir
o namoro de sofá
Meu sofá é tão novinho
E comprei pra este fim
Venha vê-lo, ó capuchinho,
Ele deu certinho para mim!
Pois onde é que já se viu
uma coisa tão nefasta
por u'a destas o mundo ruiu
chegou a hora de dar um basta
O mundo pode até ruir
E firme estará meu sofá
Minha vida ele vai colorir
Sob as bênçãos de Alá
Eu nunca me cansarei
de por ordem em tua vida
pois muito rezar irei
pra que estejas precavida
Diz que o uso do cachimbo
Faz a boca ficar torta
Reza muito e bate o carimbo
Para o céu esta é a porta.
O mal do namoro de sofá
é o risco da agarração
coisa pior inda não há
pra acabar em excomunhão
Peço ao bom Frei Dimão
Que não seja assim rigoroso
Que abrande o coração
E seja mais carinhoso
Por tudo isso e mais
é que prego e não desisto
da casa tire os sofás
se queres andar com Cristo
O que é preciso aclarar
E não fazer disto um drama
Ó monge, eu só queria explicar
Que falei foi de sofá-cama.