* A lata de leite *
Dois irmãozinhos maltrapilhos
Provenientes da favela.
Um de cinco e outro de dez anos.
Pequeninos, famintos e magrelos.
Pediam um pouco de comida
Pelas casas de uma rua comprida
Parando numa casa amarela.
“Vai trabalhar e não me amola”
Ouviu alguém dizer.
- Aqui não há nada moleques
Dizia outro ao lhe vê.
Múltiplas tentativas frustradas
As crianças estavam cansadas
Sem conseguirem o que comer.
Por fim, uma pobre senhora.
Das crianças teve piedade.
Entregou-lhes uma lata de leite
Foi a maior felicidade.
Ambos sentaram na calçada
O maior com a face preocupada
Apesar de sua pouca idade.
O menor disse para o irmão.
- É mais velho, tome primeiro.
Com sua boca semiaberta.
Mexendo a língua ligeiro.
Eu contemplava a cena
Das crianças sentia pena
Lamentando não ter dinheiro.
Vendo a atitude do mais velho
Olhando para o irmão pequenino.
Levava a lata à boca
Fingia que bebia um pouquinho.
Se quer um gole engolia
Para o irmão menor devolvia
Pedindo para beber todinho.
O irmão dava um grande gole
Exclamava: - Como está gostoso!
- “Agora eu!” Diz o mais velho.
- Está muito delicioso!
Sem ao menos ter provado
Devolve ao irmão de seu lado
Sentindo-se muito orgulhoso.
Encheu-me os olhos de lágrimas
Com algo que aconteceu.
O mais velho começou a chutar
A lata de leite que bebeu.
Apesar do estômago vazio
Sua alegria deu-me um arrepio
Seu coração estava cheio de Deus.
Ele cantava, sambava e dançava.
Era gostoso ver seu semblante.
Pulava com naturalidade
Após este gesto fascinante.
Parecia habituado a esta ação
Desta cena tirei uma lição.
Deste pequeno e forte gigante.
Aprendi que quem dá
É mais feliz do que quem recebe.
É assim que temos que amar
Sem que o outro a percebe.
Com elegância e descrição
Com naturalidade e dedicação
Tente que também consegue.
Se algum dia encontrar
Uma criança carente.
Ofereça uma lata de leite.
Seja mais criativo e inteligente.
Ofereça também atenção.
Haja sempre com o coração
Realize boa ação, urgente!