ROSA LATENTE

Num imenso jardim colorido,

reinava tão triste ao léu

um cravo que sempre sózinho

resolveu buscar o seu céu!

Olhou para a rosa distante

num canto dum outro jardim,

notou todo o seu desencanto,

perdida num amor sem fim...

Então, bem solenemente

num dia de pleno outono

sentiu-se bastante contente...

Queria juntar desenganos...

Partiu para terras distantes...

andou por diversos jardins,

não relutou um instante!

Queria a rosa...enfim.

Andou por entre azaléias,

desabrochadas ao acaso,

Cumprimentou todas elas,

mas nenhuma mudou os seus passos!

Por entre as margaridas...

tão lindas! mimosas em si...

resfolegou apressado,

na rota do imenso Jardim.

Orquídeas também lhe acenaram,

com tanta sofisticação...

mas ele afinal, era UM CRAVO!

SÓ ROSAS LHE DAVAM EMOÇAO.

Num dia de tarde crepúsculo...

no quase se por do poente

chegou lá do outro lado!

Buscou pela rosa latente.

Sabia que dentro de si...

a tinha no seu coração,

mas o precavido destino

não lhes permitiu união.

Cravou brevemente na rosa...

seus dedos de sofreguidão,

E num último adeus, o tal cravo...

também naquele coração,

Cravejou um amor tão guardado...

só soube cravar solidão!