Cordel que rima com ela
É mentira que engabela
Acabou-se a tua novela
Dói a pancada de panela
No ouvido aquilo martela
A falsa loira é branquela
No meio há uma tramela
Não bate papo, só duela
É açoite que me flagela
Pra viver só de querela
Coraçãozinho na fivela
De tempestade e procela
Não caio na sua esparrela
Uma faca que escalpela
Caída, minha espinhela
A água quente me pela
O chute só dói na canela
A voz era presa na goela
Resolvi questão da biela
Já paguei minha parcela
Mudei, então, mude ela
A lágrima sequer remela
A cara de sonsa, amarela
Chega de mentira, balela
Implorando por bagatela
Comeu no prato, cuspidela
O desprezo a tudo congela
Parcimônia, muita clientela
Acorda, princesa, cinderela
Agora que eu saio da cela
O meu coração se rebela
Pois, amor não é cancela
E minha poesia é cautela
Eu sou de Leão e Castela
Consciência que me tutela
E o caminhão na banguela
Cuidado, cordel te atropela
Esperança é verde, Portela
É Santiago de Compostela
A paz de Nelson Mandela
Que sopra minha caravela
É vento que sopra a vela
O motor pega à manivela
Destino que me acautela
Mensagem Divina revela
Não fecho porta ou janela
Eu pedalo até de magrela
Teu amor é linha paralela
Cordel de rima sentinela
Assisti meu filme na tela
Um artista de telenovela
Dom de poeta se revela
Arte do cordel se desvela
Linda morena e singela
Teu desfile na passarela
Morena da cor de canela
No São João da Cidadela
Erva-cidreira, citronela
Que me associa e atrela
Morena não me dá trela
É um futebol sem tabela
Macia, é carne de vitela
No corpo uma aquarela
Sorrio ao olhar pra ela
A voz de coral à capela
Meu sapato é uma chinela
Paletó e uma flor na lapela
Tristeza, então, esfarela
Alegria melhor que mazela
Churrasco bom de costela
A comunidade é a favela
No carnaval do mela-mela
Guarda o viço da donzela
Pizza, eu peço mussarela
O bingo premia a cartela
O fuso tem porca e ruela
Meu cavalo bom de sela
No cordel a rima modela
Morena, se dei piscadela
O coraçãozinho te apela
Eita, cordelzinho tagarela