O jegue de Gabriel/ interagino cum a cumade Hull
Airam Ribeiro
Nun paça pro lado de cá
Dexa in paz essa cancela!
Jegue, fica adonde tutá
Dexa de fuçá a traméla.
Eta jeguin apurriado
Tenta tanto qui o danado
Termina abrino ela.
Treitêro e bem teimozo
Porém educadamente
O danado é um jeitozo
Qui puxa a corda cuns dente
Abre a cancela de estálo
E dexa paçá o cavalo
Sangue é de sua gente!
Lá vem os dois pro lado de cá
Tonce eu entro sorratêro
Meu istilingue vô buscá
E umas pedras do terrêro
O jegue vê eu decê a ladêra
Vorta correno na carrera
No maió do dizispêro.
É qui ele sabe qui um dia
Quando tava lá no manguêro
Eu cabei cum sua aligria
Taquei pilota no seu trazêro.
Hoje quando ele min vê
O danado dana a corrê
Tão dipréça e digêro.
Gabriel o meu bom vizin
Ou vamo dizê istremante
Nun trata da cerca um tiquin
Nem da cancela um instante
No morro, só eu quem vô
Arrumá a cerca qui quebrô
Quando nun tem mais lá adiante.
Nun bate um prego no arame
Qui fica solto na istaca
Isso eu axo um vexame
Pois o cara é mão de paca
O seu capim é alugado
Por um compradô de gado
Que compra vende boi e vaca.
Sua cancela tem remendo
Ta percizano de uma nova
Mas pelo que estô veno
E qui já tive muitas prova
A véia ele vai cuncertá
Pra o seu jegue vim pra cá
Para tomá outra sova.
Cumade Hull de La Fuente
Óia lá essi jumentu
furadô de cerca véia
lá no sítio é um tormentu
tirô-mi toda as idéia.
Inda léva no imbalu
cum eli o meu cavalu
pra égua da Dorotéia.
Dorotéia mim falô
qui num dá pra suportá
un jumento trotadô
e um cavalu a galopá.
Prus ládo do Rio Jacú
Comerum todo o chuchú
qui ela prantô pur lá.
Só mermu cum istilingui
e as pedra do riachu
a teimosia si estingui
naqueli jumento machu.
Na cerca tem novo arame
qui ninguém ali reclame
pois num só di cambalachu.
Por isso qui decidi
qui até o fim du anu
dexu tudu isto aqui
pra cumençá novo planu
Im Brasilia vô morá
Purqui lá tá mi isperá
a vida sem disinganu.
Queridu cumpadi, amei seu cordel com o causo deste jumento fujão. Fique com Deus! Um grande abraço,