Saudades daquele lugar
Que saudades de você
E do seu cheiro de terra
Saudades do seu verde
Que desponta lá da serra
Você traz lembrança boa
E a saudade não se encerra
Lembro das brisas geladas
E dos raios matinais
Que iluminava as copas
Despertando os pardais
O tocar leve da luz
Enxugando os matagais
Eu levantava cedo
Mesmo sendo manhã fria
Era boa a caminhada
Com destino a padaria
Ia ouvindo a cigarra
Com sua doce cantoria
Apesar da distância
Não sacrificava o pé
Ao passar pela igreja
Demostrava a minha fé
E dos lares que eu cruzava
Vinha o aroma de café
Sua gente acolhedora
Não dispensa um “bom dia”
Para quem veio de fora
Eles doam companhia
Com gestos caridosos
E sorrisos de alegria
Lembro bem a minha mãe
Regando as plantas no jarro
E cozinhava o feijão
No caldeirão de barro
Se eu saísse, não ralhava
Quase não passava carro
Suas árvores generosas
Davam sombras de remanso
Bastava só a rede
Para ter um bom descanso
Presenteava as crianças
Dando um galho pra balanço
Deitava olhando o céu
Com a sua formosura
Na inocência de menino
Com a mente quase pura
Imaginava que as nuvens
Fazia belas figuras
O pacato vilarejo
Parecido com a roça
Onde o som da natureza
Equivale com a bossa
Ao invés de ouvir motor
Ouve estalos de carroça
Eu atravessava o campo
Para admirar a mina
Era uma pedra grande
Com fenda pequenina
Derramava em abundância
Uma água cristalina
Quando a tarde ia embora
Eu curtia o horizonte
Via o céu ficando negro
Escondendo cada monte
A saudade vem à tona
Jorrando feito uma fonte
Se passaram muitos anos
Hoje sou homem criado
Pra voltar naquelas terras
Fica um pouco complicado
Mas trago você no peito
Trancado com cadeado
Tomara que prospere
E cresça com sucesso
Mas que seu jeito simples
Não suma com o progresso
E que continue verde
Só isso que te peço
P S ASSIS