O que se encontra na feira... Autor: Damião Metamorfose.

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Deusa santa inspiradora

Faça-se em mim hospedeira.

Para que eu possa abordar

Uma Historia verdadeira.

Contando o que a gente pode

Encontrar em uma feira!

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Na barraca e na esteira

Encima e embaixo da banca.

Entre secos e molhados

Tem feijão de corda e arranca,

Fava, milho, mandioca,

Faca, facão e chibanca...

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Picareta e alavanca,

Enxadecos e enxada.

Ração pra burro e pra pinto,

Vaca leiteira e apartada...

Chicote de couro cru,

Curtido e sola sovada...

*

Bolo fofo e garrafada,

Café, chá de erva cidreira.

Batata de purga, enxofre,

Banquinho, espreguiçadeira.

Tamborete e urupemba,

Tudo isso tem na feira!

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Caçarola e frigideira,

Panela e alguidar de barro.

Chá de batata de purga

Que é bom pra tirar catarro

Do peito do viciado

No cachimbo ou no cigarro!

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Roda de pau para carro

De mão daquelas antigas.

Também tem casa das primas

Onde tem algumas brigas.

Dos fregueses que disputam

O amor das “raparigas”

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Milho verde e nas espigas,

Cru, cozido e assado.

Em cuias ou mesmo no quilo

A granel ou ensacado.

Nas feiras se encontra até

O que não foi inventado!

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Tem remédio pro cansado,

Garrafada pra lombriga.

Pomada de padim ciço,

Cura de um câncer a fadiga.

E todo tipo de chá

Pra curar dor de barriga!

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Lá tem carranca e tem figa,

Tem bule e tem caçarola.

Pedra de amolar foice,

Machado e o que mais se amola...

Sela, cangalha, rabicho,

Cia, cião, rabichola...

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Ir a feira é show de bola

Prazer sem comparação.

E além de encontrar amigos,

Compra o que tem precisão.

Mas cuidado com a carteira,

Pois lá também tem ladrão!

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Encha a bacia meu irmão!

Assim gritava o feirante.

Compre seis leve uma dúzia...

Um bordão a cada instante.

Por mais que seja sortida

Na feira o grito é importante!

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Na feira tem um montante

Quem nem vão para gastar,

Mas para pedir esmolas

A aquele que quiser dar.

Na feira também se encontra

Um bom Cordel pra comprar!

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Na feira tu vai achar

Banha de cágado e teiú.

Casca de tudo que é pau,

Raiz até de chuchu.

Manzape e tapioca,

Cajá, cajarana, umbu...

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Avoante e sanhaçu,

Galinha d’água e patola.

Canário e galo campina,

Louro, sabiá e gola...

Tudo se encontra na feira,

Morto ou preso na gaiola!

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Tem tareco e mariola

Tem calça bermuda e manto

Com os preços diferentes,

Mas juntas no mesmo canto.

Na feira também tem banha

De todo tipo de santo...

*

Tem banca em todo recanto

Tem quem recita e quem canta,

Um que fala outro que grita,

Leve a rede e ganhe a manta

E um cabaré “chei” de quenga

Todas com cara de santa!

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Bijuteria que encanta,

Bota chapéu e perneira,

Pato galinha e guiné,

Facão e faca peixeira.

Não tem no supermercado?

Com certeza tem na feira!

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Bem pertinho na ribeira

Ou longe em algum lugar.

Em barracas fluviais

E eu acho que até no mar!

Tem um feirante, uma feira

Com um grito a ecoar!

*

Tudo o que tu procurar

Ou não procurar também.

Tem gente que vem e vai

E no meio delas tem

Os beradeiros que fazem

Nota falsa de um a cem.

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Tem guisado de acém

Fígado de porco e buchada.

Sarapatel, mocotó,

Galinha e vaca atolada.

Na feira se come e bebe

E o preço é bem camarada!

*

Para quem tem quase nada

Tem roupa bem baratinha.

Tem rede, tem mosquiteiro,

Tem remédio e tem meizinha.

Tem velha que lê a mão

Tem remédio até pra “tinha”

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Tem de tudo que é caninha,

O velho e bom alcatrão

Famoso são João da barra

Que derruba até o cão.

Que o rotulo diz que se toma

Puro, com leite ou limão!

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Tem alcachofra e melão

Tamarindo e cajarana.

Fumo do bom e de rolo,

Refresco e caldo de cana.

E em cada esquina se encontra

Uma banca de banana!

*

Tem mel de cana caiana,

Soda caustica e parafina.

Combustível clandestino

Tem nos fundos da oficina

E aonde vende araruta

Tem denim e brilhantina...

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Tem grito em toda esquina

De feirante e vendilhão.

Tem bainha para foice,

Moinho e mão de pilão.

Conhecidos indo e vindo

E muito aperto de mão!

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Tem frango, galo e capão,

Abatido e pra abater.

Na feira se vê de tudo

De bom ou mal proceder.

E enquanto tiver quem compre

Vai ter sempre o que vender!

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Tem borracha pra fender

E a torneira não pingar.

Tem pinga para quem gosta

De beber, se embriagar.

E um tira gosto de gato

Que se come sem pagar!

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Na feira tem pra comprar,

Lata, latinha e latão.

Xícara, pires e prato,

Pinheiro, pinha e pião.

Na feira se compra até

Agulha para injeção!

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Tem cartucho e munição,

Para a espingarda de soca.

Sem mira e com o cano torto

Pra pegar mocó na loca!

Linha nylon pra tarrafa,

Bóia de rolha e taboca.

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Dez tapias e uma maloca

No jogo do cinturão.

Prometem ganhar dinheiro

Que vai de zero a um milhão.

E o matuto se lasca

Perdendo até o calção!

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Tem honesto e ladrão...

No beco do vuco-vuco.

Tem o bar das quatro bocas

Com umas mesas de truco

E ao fundo é um cabaré

Cheio de velho e caduco!

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Tem panela, tem cumbuco

E se tratando da flora...

Tem canela em pó, em casca,

Tem folhas, raízes, tora.

E um tratamento educado

De senhor e de senhora!

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Dentro da barraca ou fora

Se encontra coco e cocada.

Mamão, melão, melancia,

Meia, inteira e por taiada.

Tem até ovo no espeto,

Porco, frango e carne assada...

*

E entre bancas e calçada

Vai a feira desfilar.

Uns pra encontrar amigos

Outros que vão para comprar,

Seja o que for fazer

Na feira é um bom lugar!

*

E quando a feira terminar

Fica o lixo pelo chão.

Resto de frutas, comida,

Latas, papel, papelão...

Mas logo os recicladores

Catam, vendem e compram pão...

*

D-eus me deu a inspiração

A história foi verdadeira

M-as ficaram muitas coisas

I-mpróprias e desordeira.

A-ssim sendo foi contado

O que se encontra na feira!

*

Damião Metamorfose.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 09/09/2013
Código do texto: T4474308
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