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BOLHAS DE SABÃO


Leis lassas, leis de geleia,
essas que nos vão à praça;
doutas terminologias,
frouxas normas, heresias
de que o povão acha graça.


No Brasil, leis são compridas,
meras peças de fachada,
lenga-lengas literárias,
letras mortas, ordinárias
– só balela camuflada.


Todo artigo, em cada lei,
uma chicana faculta,
ao réu pior traz vantagem;
do xilindró passa à margem,
sem prisão nem pagar multa.


Provar que foi morto alguém,
mesmo que tenha morrido
e o matador confessado,
vai o crime engavetado,
até não fazer sentido.


Compridas e não cumpridas,
às manobras vulneráveis,
leis esdrúxulas, risíveis,
adequadas aos desníveis,
ganha pão de “veneráveis”.


Linhas tortas, letras mortas,
acervo de frouxas leis,
há nos códigos raquíticos
mais omissão dos políticos
que do Direito, talvez.


Que leis um parlamentar,
processado o ladravaz,
pode nos dar por legado,
quando o mesmo, deputado,
nem cassação sofre mais?


E que Câmara resiste
a dizer, com galhardia,
que procede em jeito novo,
de fato “casa do povo”,
se vota com covardia?


Dentro e fora do Congresso,
as nossas leis são brinquedo,
bolhas de sabão, petecas,
lindas, contudo merrecas,
e disto quem faz segredo?


Em face das leis ruins,
ante tanto cabra esperto,
neste mundão de meu Deus,
batam pé, amigos meus,
Senado vote em aberto.



Fort., 07/09/2013.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 07/09/2013
Reeditado em 07/09/2013
Código do texto: T4470582
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