Um dia de azar.

Um dia de azar.

Autor: Daniel Fiúza.

11/09/2004

Acordei de mau humor

Com meu ovo mei’ virado

A garganta muito seca

E meu fígado zangado

Tava c’a gota serena

A paciência pequena

E o corpo todo ferrado.

Num pesadelo abalado

Suado eu despertei

Deu logo câimbra na perna

E nessa dor eu gritei

Uma hora de massagem

Já levantei sem coragem

No sofrimento chorei.

Ao levantar tropecei

Bati meu quengo na porta

Soltei logo um palavrão

Minha sorte tava torta

Senti uma dor da molesta

Fiquei com galo na testa

Xinguei até gente morta.

Periga romper aorta

A raiva que nos conduz

Evoquei o bicho preto

Em vez de chamar Jesus

A coisa só piorou

Chegando certo pavor

Que todo medo induz.

De repente faltou luz

E uma chuva forte caiu

bem na hora do meu banho

Vá pra puta que o pariu

A água desceu gelada

Após a quente danada

Quase queimou meu pipiu.

Até meu saco sentiu

Todo aquele desprazer

Mudou a temperatura

Que mais ia acontecer

De quente para gelada

Nessa aflição danada

Pensei que ia morrer.

Quando a barba fui fazer

O banheiro tava escuro

Eu cortei o rosto todo

O sangue jorrou no muro

Mordi a língua ao gritar

Nem papel tinha por lá

Nada era muito seguro.

Tava negro meu futuro

Já tinha perdido a fé

Estava entrando em pânico,

Pois nada mais dava pé

Vislumbrava um dia ruim

De encomenda pra mim

Andando de marcha ré.

Quando fui tomar café

Não notei que tava quente

Queimei minha boca toda

Na hora fiquei valente

Pisei no rabo do cão

O bicho mordeu minha mão

Escorreguei no batente.

Na queda quebrei um dente

Sujei a roupa de barro

Já tava puto da vida

De tanto levar esparro

Nisso deu uma diarréia

Nem precisava platéia

Pra todos tirarem sarro.

Cunhado deixou o carro

Sem nenhuma gasolina

E com um pneu furado

Foi terrível minha sina

Num dia muito azarado

Que mal tinha começado,

Mas sem saber se termina.

No auge da adrenalina

Quando o bom senso nos chama

Parei pra pensar um pouco

Sentei depressa na grama

Respirei pra me acalmar

Depois de muito pensar

Resolvi voltar pra cama.

Para acabar com meu drama

Eu fui deitar novamente

muito melhor é dormir

para evitar acidente

Quando o urubu é macho

De cima caga o de baixo

Na hierarquia indecente.

Domfiuza
Enviado por Domfiuza em 23/08/2005
Código do texto: T44530