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- Pintura de Djanira (RJ).
A URGÊNCIA DO HUMOR
A Chico Anysio, in memoriam
Urge que se veja o mundo
com olhos de simpatia,
acreditando n’alguém,
tal como em você também
essa fé viger iria.
O humor é sempre atual
e dele a vida precisa.
Sua precisão consiste
em não botar ninguém triste
nem deixá-lo a tomar brisa.
Você precisa sorrir,
debochando do diacho,
mangar do coisa-ruim.
Mas só não maldiga a mim,
que de você coso um tacho.
Humor a mim não me falta,
e lhe empresto um bom bocado.
Ponha seu dente na chuva
e nem carece de luva
para alguém ser delicado.
Andar de cara fechada,
Como você faz, então,
Isto não paga pendenga,
E já fumo numa quenga
Com quem só vive turrão.
Ria até cair de costas,
despregue o lacre da cara,
mande o governo pra fora;
ou você faz sua hora,
então o rei não encara.
Humor!... Leve o cão na flauta,
e sempre com mais deboche,
que se o diacho sentir fome
ele, na certa, só come
quem do humor fizer fantoche.
Humor!... Muito humor, irmão.
Com cara de Luluzinha
você não sobe em cangalha,
senão seu pé se escangalha
dos trilhos dentro da linha.
Vendo você tão trombudo,
macambúzio, jururu,
fiz o enlace com um herege
empurrando um Fusca bege,
com inhaca de timbu.
Em seus calos e na caspa,
não dê nenhuma atenção;
solte um brasileiro “jeito”,
mande as saudades do peito
irem ter noutra paixão.
E tome tento, se aguente,
humor na sua fachada;
nela postando alegria
você convence a Maria
de quem tem alma lavada.
Se suas calças se rompem,
das tais retire um gracejo.
Diga que o pano foi roto;
só não se engasgue no goto,
a mendigar um desejo.
Retome o rumo da estrada
e dê um giro, João.
Mais distâncias tem o mundo.
Não vá morder-se iracundo;
não dê bons filés ao cão.
Pois ‘vade retro’, tristeza!
Tristeza não paga contas,
enquanto você hiberna.
Com risadas, passe a perna
nas petas das coisas tontas.
Fort., 18/08/2013.
- Pintura de Djanira (RJ).
A URGÊNCIA DO HUMOR
A Chico Anysio, in memoriam
Urge que se veja o mundo
com olhos de simpatia,
acreditando n’alguém,
tal como em você também
essa fé viger iria.
O humor é sempre atual
e dele a vida precisa.
Sua precisão consiste
em não botar ninguém triste
nem deixá-lo a tomar brisa.
Você precisa sorrir,
debochando do diacho,
mangar do coisa-ruim.
Mas só não maldiga a mim,
que de você coso um tacho.
Humor a mim não me falta,
e lhe empresto um bom bocado.
Ponha seu dente na chuva
e nem carece de luva
para alguém ser delicado.
Andar de cara fechada,
Como você faz, então,
Isto não paga pendenga,
E já fumo numa quenga
Com quem só vive turrão.
Ria até cair de costas,
despregue o lacre da cara,
mande o governo pra fora;
ou você faz sua hora,
então o rei não encara.
Humor!... Leve o cão na flauta,
e sempre com mais deboche,
que se o diacho sentir fome
ele, na certa, só come
quem do humor fizer fantoche.
Humor!... Muito humor, irmão.
Com cara de Luluzinha
você não sobe em cangalha,
senão seu pé se escangalha
dos trilhos dentro da linha.
Vendo você tão trombudo,
macambúzio, jururu,
fiz o enlace com um herege
empurrando um Fusca bege,
com inhaca de timbu.
Em seus calos e na caspa,
não dê nenhuma atenção;
solte um brasileiro “jeito”,
mande as saudades do peito
irem ter noutra paixão.
E tome tento, se aguente,
humor na sua fachada;
nela postando alegria
você convence a Maria
de quem tem alma lavada.
Se suas calças se rompem,
das tais retire um gracejo.
Diga que o pano foi roto;
só não se engasgue no goto,
a mendigar um desejo.
Retome o rumo da estrada
e dê um giro, João.
Mais distâncias tem o mundo.
Não vá morder-se iracundo;
não dê bons filés ao cão.
Pois ‘vade retro’, tristeza!
Tristeza não paga contas,
enquanto você hiberna.
Com risadas, passe a perna
nas petas das coisas tontas.
Fort., 18/08/2013.