MUSA EM DESERÇÃO!




MUSA EM DESERÇÃO!
Silva Filho


Já não sei por onde anda
Quem partiu de madrugada
Sem escolher a estrada
Pra chegar em aluanda;
Uma vida em ciranda
Um vôo talvez altaneiro
Quem sabe, fez um cruzeiro
Pra não ouvir minha lira
Musa que sempre inspira
Meu pobre verso brejeiro.


Já não sei por onde anda
Quem se fez um colibri
Quando o coração abri
Suprindo bem a demanda;
Seu perfume de lavanda
Deixou comigo o cheiro
Dentro deste cativeiro
De verdade ou de mentira
Musa que sempre inspira
Meu pobre verso brejeiro.

Já não sei por onde anda
O meu beijo aboral
Pelo espaço sideral
Distante, em outra banda;
Habitando alguma landa
Prado, savana, terreiro
Na sombra dum cajueiro
Em um rincão caipira
Musa que sempre inspira
Meu pobre verso brejeiro.

Já não sei por onde anda
Já não sei por que se cala
Por que não ouço sua fala
Com sua voz muita branda;
Por que recado não manda
E não mostra o seu roteiro
Seu verso tipo vespeiro
Numa redoma suspira
Musa que sempre inspira
Meu pobre verso brejeiro.


Já não sei por onde anda
Por que não me faz aceno
Não me deixando sereno
Meu estro logo desanda;
Meu corpo pede vianda
Meu verso abre o berreiro
Meu sonho no estaleiro
Outra façanha conspira
Musa que sempre inspira
Meu pobre verso brejeiro.

 
BEM-VINDA INTERAÇÃO DA AMIGA
HULL DE LA FUENTE.


Para o teu verso brejeiro
Ela voltará um dia
Ardente como um vespeiro
Devolvendo a alegria
Ao coração do poeta
Voltará sua dileta
Pra acabar com a nostalgia.

 
A sua musa sumida
Pedirá o seu perdão
Pois aprendeu que na vida
Não se vive de ilusão
Voltará arrependida
Totalmente convencida
Que tu és sua paixão.