Desabafo De Um Velho Vaqueiro
Sou aquele tipo de cara irritado,
Não mexa comigo não,
Da vida cuide da sua
Se não quiser arrumar confusão.
De sua cabeça sei tudo que passa,
Quando você disfarça
Seu jeito de atenção.
Meu mundo está imundo,
Sem conhecer o termo alegria,
Tudo está levado com o vento
Estou em tremenda agonia.
Não tenho mais espaço,
Preciso de um forte abraço,
Assim vou acabar em melancolia.
Trabalhei como agricultor,
Cortei mato nesse vai e vem.
Ninguém me intimida,
Mato logo, ou faço de refém.
Na vida tem que vivenciar,
Morar no teu lugar,
Mas ser homem de bem.
Hoje vivo da cachaça,
Pego minha grana e vou embora.
Meto-me na mesa do bar,
E bebo de hora em hora.
Só fico bebendo e, bebendo,
De nada estou sabendo,
E esta vida estou vivendo agora.
A dor no peito é grande
De sair de meu sertão,
Aquelas terras tão boas
Ficarão sempre dentro de meu coração.
Meu destino ainda não é certo,
Os lugares são diversos,
Sofro desta maldita imprecisão.
Ainda consigo sobreviver de pé!
Somente a esperança é que me resta,
A força da fé é maior,
Pois tenho a cruz marcada em minha testa.
Tudo é possível quando se quer vencer,
É preciso somente crer
Para seguir sua meta.
Na minha terra não tem mais vaga,
Foram todos expulsos pelo governo sem noção.
Os sanfoneiros e as matutinas
Até hoje não cantam e não dançam nenhuma canção.
Só peço a Deus um lugar no céu,
Para ver esse meu desabafo em cordel,
E nunca mais viver em vão.
JÚNIOR, Sueldo. Desabafo de um velho vaqueiro. Cordel. Ler e aprender. 05 de Agosto de 2013.