BENTO NO CEMITÉRIO (EC)

N.Autor - Sobre o mesmo tema leiam também Assembléia de Defuntos

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BENTO NO CEMITÉRIO

A vida é cheia de mistério

Muita passagem folclórica

Algumas são de assustar

Esta tenho que assuntar

Uma fantasmagórica

O medo de cemitério

Numa noite de luar

Um caboclo, o Zé Bento

Empregou-se como guarda

Numa cidade dos pés juntos

Lá só tem mesmo defuntos

Lugar não é barulhento

Além de ganhar uma farda

De dormir eu me arrebento

Não é que pra seu espanto

O que era fácil, entretanto

Começou a complicar

Veio a ordem do patrão

Neste campo santo tem ladrão

Sua missão era a noite vigiar

Para os larápios espantar

Não adiantou argumentar

Lá o que tinha para roubar?

Tem gente que leva vaso

Outros querem a dentadura

Aproveitando noite escura

Deve ser tara ou loucura

Casal vem tirar o atraso

Precisando do salário

Não tendo outra opção

Pra não parecer medroso

Respondeu todo garboso

Deixa comigo, meu irmão

Até que foi dando o horário

De fechamento do portão

Só, naquela imensidão

De cova rasa e mausoléu

Resolveu então rezar

Erguendo os olhos pro céu

Sentiu saltar a veia

Viu no alto a Lua Cheia

Dia de lobisomem passear

Medo faz imaginação

Já fechara o crematório

Mas pareceu ver um clarão

Na capela de velório

Luzes insistiam em piscar

Pra mais se amedrontar

Num túmulo um tropeção

Lá perto do arvoredo

Galhos sem vento balançar

Um repetitivo barulho

Ele mortinho de medo

Nunca quis acreditar

Eram pombas em arrulho

Coisa comum nesse lugar

Na lápide de enterro fresco

Viu um monstro gigantesco

E mais outro indo pro mato

Nisso até que não se engana

Dois seres, mas vivos, era fato

Um medonho negro gato

Caçando a velha ratazana

Correu quanto podia a perna

Nem por todo dinheiro

Voltaria vivo àquele lugar

A noite pareceu eterna

Seu chefe foi-lhe encontrar

Escondido no banheiro

Não havia melhor lugar

Bastou a história espalhar

Bento virou motivo de piadas

Mas corre por lá um zunzunzum

Que no fim das madrugadas

Ouve-se conversas e risadas

Nos livramos de mais um

Agora podemos descansar

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Revolta dos Defuntos

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Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 05/08/2013
Código do texto: T4420094
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