CELULAR
Nas idas e volta desse mundo
Curiosidade é desejo profundo
Sentado num banco de praça
Olhando quem passa
Alheias aos nossos olhares
Falando aos seus celulares
Cada qual com seu segredo
Sua coragem e com seu medo
Uns escondendo seus defeitos
Outros assegurando seus direitos
Enfim cada palavra falada
É também uma palavra escutada
Movido pelo o desejo de curiosidade
Aumentava ainda mais a necessidade
De descobrir o que todos conversam
Mesmo que para alguns não interessam
Eu gostaria tanto mesmo de saber
Quem usa celular esta a escutar e a dizer
Vejo a distancia uma moça bela
Sorrindo com alguém que diz a ela
Ela pula, levanta uma Mão de alegria
A outra no ouvido segura o celular com energia
Qual terá sido o motivo para tamanha festa
Quer curiosidade maior do que esta
Um tempo mais ela demora sorrindo
Balança a cabeça desliga o aparelho vai partindo
Ao contrario de uma mulher chorosa
Tão linda como a que se foi tendo uma triste prosa
De repente ela grita algo desconexo
Só entendi o apelo pela falta de sexo
No meu atento imaginário logo pensei
É esposa, amante? Francamente não sei
Ela chora, limpa os olhos parece pedir desculpa
Mas quem lhe fala lhe impõem maior culpa
Será culpa do que ela fez ou deixou de fazer
São essas coisas que eu queria entender
Sentado num banco de mim afastado
Um homem conversa ao celular meio agitado
Ora fazendo gestos ora fechando o rosto
Demonstrando antipatia ou quem sabe desgosto
E aquela menina com o foninho do celular
Coloca a mão na cabeça e começa a chorar
Chora de emoção ou de tensão
Sei não só sei que em seu rosto demonstra aflição
Sentado na areia do parque mascando chicletes
O moleque falando com a mãe
Gritando e pulando será o que ela falou?
Nasceu seu irmão ou será a morte do vovô
A jovem inquieta ao longe no banco da praça
Olhando no horizonte disfarça
Na sua chamada em espera
Tantas vozes são aquelas
Vanessa, Joyce ou Estela
As amigas fazendo contato
Qual será o papo delas?
Os meninos reunidos no campo
Entra no faceboock a todo instante
A caixa pequena que toca uma musica
Fico pensando na cena
Seus pais ligando para seus celulares
Todos ficam afobados
Sem palavras prestando atenção
Ficam calados ora sorrindo ora desconfiados
O que seus pais falaram do outro lado...