PRÓDIGOLOUCURA

Eu não canto porque sou mal cantador

Não declamo, pois não faço poesia

Já não rezo, esqueci a Ave Maria

E as palavras que ensinou Nosso Senhor

Não me julgues um homem sem valor

Tu não sabes o que tem minhas entranhas

Se parecem minhas falas tão estranhas

É pra quem leva a vida tão mesquinha

Quero ver ter a vida como a minha

Minha vida é um poço de façanhas.

Naveguei frente a um disco voador

Troteando feito um bom cabra da peste

No além rimei com extraterrestre

Fiz toada e seresta a meu amor

Estalando meu chicote cantador

Sob a lua clareando a noite escura

Pude ouvir o grunhir da ferradura

E antes mesmo que fosse abduzido

Voltarei pro lugar que fui parido

Pois não quero que me tome essa loucura.

Disse um sábio poeta e trovador

Em seus versos de pureza e sapiência

Não existe pra explicar a ciência

Este mundo é de caboclo sonhador

(A poeira não tem o cheiro de flor)

Meu cavalo, num galope fez poeira

Minha mãe bote a água na chaleira

To chegando pra ficar no meu sertão

Sinto o cheiro da terra do meu torrão

Por favor, me espera lá na porteira.

Viajei num caminho de espinhos

Companheiro só o som nos meus ouvidos

Algazarra, revoada, alaridos

Que faziam um milhão de passarinhos

Triste? Não! Eu nunca fiquei sozinho

Batalhei pra deixar minha trincheira

Hoje vejo no galho da laranjeira

A abelha já perdeu o seu ferrão

Quero colo, quero nos meus pés o chão

Por favor, me espera lá na porteira.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 25/07/2013
Código do texto: T4403512
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